A tempestade é sempre a mesma, disse
O miúdo enquanto pescava um macaco
Do nariz arrebitado. Se assim fosse, como surgiria a bonança?
Questionou o triste e imprevisível capitão
Das naus pousadas no mar.
Os trovões ribombaram ecoando
Nas previsões dos videntes acocorados
Na espuma das tardes sem crepúsculo,
No abismo da noite inatingível.
A criança, que a interpretação dos sonhos regia,
olhou demoradamente a tempestade, a particularidade
de alguns elementos, e retorquiu, talvez
sem deixar transbordar a doçura das folhas das árvores.
Nada é mais impreciso do que pensar
Que a bonança vem no fim das tempestades,
A quietude participa do que de mais essencial
Prevalece nas indomáveis revoluções
Dos abismos entrópicos.
Mesmo quando a tua alegria não conhece
Os estilhaços da dor.