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De onde descem os cabelos que envolvem a noite
que subtraem imaginação às falhas do nosso Outono?
O espantalho que se ergue na tarde poeirenta anuncia
escrúpulos estilhaçando o tempo na parede
de vidro onde os cabelos se refletem devagar.
As ruas enchem-se de putrefação que embriaga a noite,
o vento manipula os filamentos que a música anuncia
desde a casa silenciosa, ordenando os solavancos do devir
plasmados nos dias sobressalentes do espelho inútil. Inútil
porque reflete o que já existe nos paramentos que a luz
enverga revelando a nudez dos ossos.
Continuam a atravessar a cortina que separa
a violência da claridade. A escuridão é apenas um sussurro
na convivência inexpressiva dos pássaros migrantes.
Uma viagem em redor da consciência moral das catedrais,
momento compósito num puzzle construído ao acaso,
uma viagem pela margem do todo inacabado, confronto
com a impossibilidade de abarcar a vida que emerge do caos.
Às vezes a solidão torna-se o tema específico das escrituras
que comandam o lento fluir das partituras imbecis da multidão
oculta. É na aridez das sombras que os novos dragões
do templo parem os descendentes das criaturas que rasgaram
os códices do silêncio. Serão os nasciturnos do mundo novo,
os portadores dos cabelos malditos que descem ao abismo
sangrento, cabouco instável na estrutura brutal dos sonhos.
As linhas soltas que ocultam as palavras indicam os limites
para a imaginação tentacular do pesadelo estético e paranóico.
A loucura desenvolve-se na rede que autoriza a complexa
aparição dos cabelos sorvendo as raízes da noite.
M.G. 21-09-2011
Hoje estou por aqui.
Amanhã por terras de Gaudi.
Era uma distância entre afectos que impressionava as sombrias dúvidas do seu cabelo,
o rastejar das mãos que rasgam o oculto das palavras.Era assim que os tempos se anunciavam como presentes em carne viva anunciando a revolução dos espezinhados,
o estertor dramático das lâminas rutilantes.
Era a impossível maresia ensimesmada, a emergente lama da eroticidade caduca camuflada no onanismo predador da televisão, convocando a caminhada processional e néscia para a travessia da paisagem sem figurantes.
Quando o tempo se estatelar na frieza dos olhares a viagem será percorrida na planície incompleta a loucura ostentará a simbologia das tempestades e os inquietos e famintos aprendizes do nada navegarão sem rumo à procura das metáforas carentes da liberdade.
Para onde quer que olhe, a distância perde-se numa claridade infinita. Eu sou o centro do meu mundo como tu és, como vós sois, o centro do teu (vossos). Na intersecção das nossas vidas, na confusão das mentes enraizadas, nas realidades etéreas e voluptuosas, encontramos os dias impossíveis de acontecer. Os dias efémeros da levitação final.
Seremos sempre como a poeira que resta no fim das tempestades.
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