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peixes de metal

por vítor, em 29.04.11

 

 

Peixes de metal no meio da rua

 

É assim que os olhos determinam

O sonho arruinado envolto

Em profundas conversas inscritas

No palimpsesto do calendário volátil,

Determinam a divulgação que subsidia

E escancara as asas do desejo amaldiçoado

Avançando na página reescrita, esmagando

 A autonomia das palavras finais.

O olhar estende-se pelo leito da memória,

Atinge os colapsos da energia brutal da arbitrariedade.

Nunca apareças na noite inacabada,

O que sabes resgata o futuro concedido,

O reconhecimento destinado a liquidar

O vazio que apodrece no silêncio.

Na calçada que se estende até às águas

Desfilam peixes de ferro fundido

Que pisas recuando à infância feliz,

Ao rumorejante eco das mãos pronunciando

 O sorriso da noite. Da noite guardiã das falas

Fundacionais, da serenidade nauseabunda

Que te acorrenta os pés. É aí, na genealogia

Do medo, o território que te conduz os passos

Na irrepetível caminhada rompendo os tempos

Que te levam ao fim, à degradação inútil.

Libertas-te do manto moral que te aconchegou

Os dias e atravessas a luz que nunca

Ousaste ultrapassar, a fronteira que abre

As portas da violência falhada e orgulhosa.

E agora?, perguntas à insanidade que exala

Dos excrementos postos a nu pela ousadia

Empreendida. E agora?

Nunca há respostas quando penetras

Na solidez das águas, no ermitério que envolve

A enigmática escultura que desocultas

Da sociedade alienada e castradora,

Da multidão que se barrica, impedindo

A libertação das almas. Enfrentas o ódio

Que se ergue das entranhas públicas

Escarnecendo dos desperdícios libertados

Pelo consenso tribal e avanças como apóstolo

Do absurdo nas mordomias que a ti próprio impões.

O corpo cansado resiste ao sentido que desenhaste

No plano de fundo da tristeza. Resiste e apropria-se

Da vontade que contamina as leituras paradigmáticas.

Os peixes de metal guiam-te no caminho das águas.

 

VRSA   27/4/11

 

 

 

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publicado às 00:00

asneiras atrás de asneiras

por vítor, em 09.06.09

NO Glorioso tudo funciona na perfeição dos últimos anos. A direcção demite-se, marca eleições e... prepara-se para contratar um novo treinador. O "timing" é perfeito.

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publicado às 00:08

Um pateta contentinho

por vítor, em 22.07.08

 

Quando sabia tudo e toda a gente o admirava, quando era belo e caminhava sempre num palco iluminado, quando usava as mais belas palavras e era ouvido por discípulos hipnotizados, quando irradiava sensualidade e as mulheres o seguiam como um planeta a sua estrela,  quando, quando, quando (...) era um pateta contentinho.

 

Quando descobriu que tudo isso não passava duma ilusão e que era como um qualquer outro, tornou-se um homem triste. Triste mas sábio como uma espiga na seara ondulante.

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publicado às 23:52

Cacela-a-Velha, deuses e demónios

por vítor, em 16.02.08
Cacela Velha é um lugar fantástico. Onde convergiram e convergem epifanias diversas dando a este monte- sobre-a-ria um magnetismo inexcedível . Estou a esta terra profundamente ligado desde os tempos da minha mais tenra meninice. Cacela, embora pertencendo a outra freguesia e a outro concelho, integrava-se na paróquia da Conceição e o padre das duas povoações era, portanto, o mesmo. Desta forma o pároco transportava no seu automóvel (raro naqueles tempos) os jovens da Conceição, onde residia, para o ajudarem na missa e noutros serviços religiosos. Eu, embora não baptizado e filho de ateu militante, lá ia às escondidas: a minha perdição era o repicar dos sinos. Sim porque o toque dos sinos é uma arte semiológica complicadíssima que não vem agora ao caso. Enquanto o padre despachava assuntos do foro clerical e outros..., nós batíamo-nos em jogos de futebol com os "serrenhos" de Vila Nova de Cacela ou calcorreávamos falésias e sapais somente pelo gozo de cabriolar. Brincando às escondidas ou procurando, sei lá, os deuses naquela sua morada.
Também me ligam a esta pérola-sobre-o-mar a "última morada" de muitos familiares como é o caso, entre outros, do mais ilustre: José Gil Cardeira. O "bom filho e esposo, pai e amigo" que jaz no único sepulcro que restou no cemitério velho aquando da abertura do "novo" cemitério.
É por isso que me custa o estado de abandono e de desleixo a que está votada a praça forte que foi conquistada  não pela sua importância estratégica ou política, mas pela sua beleza. Como tão bem o cantou Sophia num dos seu poemas mais de fazer pele de galinha.

Par vos mostrar beleza e desleixo deixo-vos com alguma fotografias recentes por mim registadas.

PS: Para saber mais sobre a vida deste aventureiro que jaz no cemitério velho e do qual corre nas minhas veias o mesmo sangue, consultar o livro "Memórias Escritas" onde, para além de outras histórias sobre a região, meu pai, Fernando Gil Cardeira, conta as mirabolantes estórias deste alentejano de Alvito e da "cobra  grande", que enviou para o seu Alentejo natal e que "depois de morta foi transportada em três carros de bois e o rabo ainda ia arrastando pelo chão".











Monte Gordo ao fundo,


A flamejante Ria Formosa, que aqui começa e aqui acaba...






Não se poderiam esconder fios e antenas?

E agora o desprezo:

Casa Paroquial

Uma casa de taipa ao sabor dos elementos...


O meu parente abandonado e salpicado de cal...



Uma curiosa chaminé Allgarvia ...

Há mais, muito mais mas dói-me trasladá-las para este post

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publicado às 15:31


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