Os sete milhões de crentes já precisavam. Um "Glorioso" no topo do mundo. Eu sou um doente pelo Federer mas agora estou de alma e coração com este dos nossos.
Como dizem a maior parte dos portugueses (e provavelmente os outros "eses" por esse mundo fora) inquiridos por um canal televisivo qualquer: não tenho palavras! Melhor que isto só a minha primeira participação num torneio federado de veteranos escalão 45/55 anos. Como outsider coube-me em sortes um cabeça de série. O resultado, de um jogo brilhante, foi de 6-0, 6-0. Adivinhem quem levou a taça...
Este blogue não serve para falar de coisas pessoais (não confundir com coisas de pessoas). No entanto hoje vou fazer uma excepção e vão ver que valerá a pena.
Há dois anos comecei a jogar ténis. Tinha jogado até então duas ou três vezes na vida. Influenciado por um amigo e pelo meu filho mais novo, tenho vindo a jogar 1 vez por semana e , até, (pudera) a evoluir bastante. Acontece que no clube onde jogamos organizaram um "torneio escada" e meteram-me ao barulho. Um torneio escada, vim a saber depois, é uma competição que se arrasta por vários meses e onde os jogadores são seriados num ranking em que os melhores estão nos primeiros lugares e os piores, como é óbvio, nos últimos. Quando fui ver a seriação até fiquei surpreendido, estava a meio da "escada" com uma série de jogadores, que não conhecia, estrangeiros atrás de mim. À minha frente um tal de Jean , holandês. Este tipo de torneio funciona por desafios: um jogador desafia um dos dois jogadores que lhe está logo acima e, em caso de vitória ocupa-lhe o lugar (sobe na escada) descendo o derrotado ao lugar do vencedor (desce na escada). Durante o torneio, os melhores vão subindo lentamente enquanto os menos bons se vão aproximando do fundo da tabela.
Como me competia, desafiei o jogador que estava mesmo por cima de mim, o tal Jean . O desafio foi aceite e marcado o jogo para hoje, pelas dez horas da manhã.
Também como me competia, tratei de colectar informações sobre o jogador desafiado. O pouco que soube deixou-me tranquilo e confiante: o senhor tinha 69 anos, era canhoto mas uma terrível artrose tinha-o obrigado a passar a jogar com a direita e o seu grande handicap era o serviço. Por outro lado, tinha sido um jogador de top e continuado ligado à modalidade como professor durante toda a vida. Experiência não lhe devia faltar...
Apostado em passar os últimos dias da vida sob o reconfortante sol algarvio, jogava ténis várias vezes por semana e tinha até lições particulares com o professor-mor do clube.
A idade, a história da mudança de mão e a minha "juventude"( menos 20) deram-me, como já disse, confiança e nem dispensei uma longa e pedestre visita de estudo, com os meus alunos, pelos meandros da cidade de Tavira, na sexta -feira, que me deixou de rastos.
De uma simpatia desarmante, o senhor Jean despachou-me, em hora e meia, com um inquestionável 2-1: 6-2; 4-6 e 6-2.
Quem me dera jogar ténis e ter a simpatia do sr. Jean aos 70 anos. Bem a simpatia será, certamente mais fácil...