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O homem que nunca tinha sonhado perguntou:
- Que silêncio é esse que te gela os ossos.
A resposta, seca e corrosiva, que recebeu da rapariga sem imaginação, soou como uma praga de libelinhas.
- Quem não distingue a realidade da metáfora nunca chegará ao castelo do homem velho.
E assim se passaram muitos crepúsculos.
Um dia, igual a tantos outros, o homem que nunca sonhara sentiu-se feliz e compreendeu o significado daquele silêncio oco que esmagava como sombra cobrindo as pegadas dos pássaros, a consciência atulhada de sonhos dos outros.
Levantou-se e não conseguia caminhar. Esqueceu-se de como dar passos na direção da noite. Quando um pé abandonava o outro, um desequilíbrio inexplicável tomava conta do seu andar, impedindo-o de ir em frente.
Agora, inerte na luz, a rapariga dos silêncios sentirá que a vida é um sonho na periferia dos pesadelos da solidão.
Chegámos tarde e a noite avançou, o estatuto da noite não morava ali.
Quantas vezes tinhas empenhado as jóias que reverberam da cerveja bebida na tasca
depois da cerimónia da morte?
O objectivo era unificar a arte, a cultura e a terapia que sublinha
o rumorejar da ausência inerte.
A desesperança encontrava, na associação com os projetos de renovação,
direitos inapeláveis onde os gritos executam
a panóplia inacabada das competências esquecidas.
O morno escriturar da mitológica raiz na plenitude imprime a tatuagem larvar
do caminho interrompido , nudez do rosto avançando, que aquece
a ordem na arquitetura do sonho.
Quando chegámos, os rostos que sobressaem da espessa penumbra,
rejubilaram de alarvidade.
Dás-me contas da incompletude nas pegadas impressas de vida,
daqueles que perdem a utopia viável dos cataclismos confortáveis e nus.
Agarramo-nos à insuficiência dos presentes e arrancamos palavras soltas,
inimputáveis e corruptas. O sabor do ritual irrepetível é uma onda
de desejo que cumpre os critérios obtusos da multidão.
Os documentos são irreversíveis e envolvem vontades instaladas, revoluções
impraticáveis que renegam os pensamentos estultos e ressabiados,
emergentes da máscara desoculta na balbúrdia reflexa.
Os dias arrastam-se na envolvência das emoções inadiáveis, receita
da casa que não esquece os jogos arquitetados na distância da semente,
os dias são o que não entendes nos outros, as vidas que se cruzam
em múltiplas imagens no espelho paradoxal.
A maresia eleva-se dos espíritos que vagueiam no labirinto
catártico da poesia primordial. O elenco da putridão oblíqua
manifesta-se quando a lâmina penetra a frieza do olhar. É um desenvolvimento
esperado sem a aprovação dos que não dormem enquanto sonham
o desfilar das figuras fragmentadas pela luz.
Retiras a sensatez aos que desprezam o inútil esculpir da realidade
suspensa no pesadelo das sombras.
Chegámos e o jardim contemplou-nos sorrindo na placidez da tempestade.
(Tavira, 27/11/2010)
Nos tempos da apanha da alfarroba pareço mergulhar na adolescência. Só me apetece entrar pelas noites adentro como gato à procura de sonhos já sonhados...
PS: Não tenho andado com disposição para grandes escritos. No entanto estou pouco preocupado. Como diria a grande filósofa dos nossos dias, Lili Caneças, não escrever é só o contrário de escrever.
PS1:O meu amigo Pedro Alves vai compensando esta ausência de palavras novas com algumas referências a palavras antigas e projectos novos deste vosso criado. Recomendo-vos vivamente a passagem pelo canal sonora, o belíssimo blog do amigo supra citado.
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
O eng . Macário Correia está cansado de Tavira. Depois de ter apostado tudo no cavalo errado nas directas do PSD ( e a cara com que apareceu na noite da derrota, ao lado de Marques Mendes, diz tudo sobre a sua imensa amargura), volta a apostar, numa reviravolta de 180 graus, no novo paradigma populista de Meneses. Em nome da unidade do partido, ei-lo de novo na estrada que o poderá levar para longe de Tavira em 2009.
"Estamos aqui para dizer que queremos trabalhar com moderação e poder ganhar em 2009. Temos de trabalhar todos do mesmo lado", foram algumas das palavras de Macário Correia, cujo discurso foi logo de seguida aplaudido na intervenção de Marco António Costa, um ferveroso adepto do novo manda chuva do partido.
Como autárquicas e legislativas vão ser coincidentes no tempo, já estou a ver a estratégia. Candidatar-se de novo à Câmara ( o PSD de Tavira, sem ele, é um deserto estéril) e, se os laranjas ganharem as eleições para a Assembleia da República, dar o salto para o governo da nação.
A estratégia comporta poucos riscos:
1 - Com a ineficácia política do PS local, as eleições locais serão um passeio já visto anteriormente;
2 - Se Meneses não ganhar ( o mais provável) não será responsabilizado;
3 - Neste caso, será até um vencedor. A sua primeira escolha não foi esta;
4- Ficando na presidência da Câmara continuará a ter um palco previligeado e rampa política para novos voos na política nacional. Uma espécie de reserva moral dos social-democratas.
Para nós, tavirenses, o mais provável é passar a ter um presidente triste e demotivado com tudo o que isso comporta de negativo para o nosso desenvolvimento. Aí,os interesses imobiliários poderão, finalmente, tomar conta dos nossos destinos. A vida tornar-se-á impossível para os que amam esta Terra.
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