Não há, não conheci ainda, ninguém como eu a cozinhar couve dourada, a bem da verdade, não se trata de couve, mas de repolho. Talvez porque tenha sido eu a inventar a receita. E é tão fácil confecionar! Talvez por ser tão fácil, ninguém se interesse por aprender a cozinhá-la. A facilidade é uma impostora e, por isso, afasta os que procuram. Aloura-se, no azeite, a cebola em rodelas finas, junta-se o repolho também cortado em rodelas. Quando o repolho fica cozido, junta-se-lhe mostarda de Gijon, quer dizer, de Dijon, e curcuma bem amarela qb. Mistura-se tudo bem com uma colher de pau (a mesma colher com que se iniciou o alourar da cebola) e acrescenta-se o sal. Pouco, que os tempos não estão fáceis para o sal e para os seus apreciadores. A saúde escraviza-nos. Finalmente juntam-se os ovos mal batidos com pimenta preta e folhas de orégão. Sempre revolvendo todo o composto, desliga-se o fogão quando o ovo está cozido. O resultado é uma fusão deliciosa que espanta sempre os comensais. O que não correu nada bem da última vez foi que quando guardava a mostarda no frigorífico a deixei cair no meio da cozinha: havia vidros e mostarda por todo o lado. Depois de tudo limpo, vidros e vidrinhos difíceis de encontrar espalhados pelo chão, juntei-me à mesa feliz que me acolheu como a um herói.
Da cozinha escapava-se um ligeiro odor a mostarda.