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Normalmente atribuído a gentes que se destacam no campo das artes, este ano o Prémio Cativa vai para o ciclista Rui Costa. Vencedor de duas etapas na Volta à França, vencedor da Volta à Suiça, pela segunda vez consecutiva, e campeão do mundo de estrada, contribuiu para dar alguma alegria ao povo portugês em tempos de profunda crise. Nestes dias sombrios e difíceis, com humildade e simplicidade, sem divisionismos, trouxe-nos sorrisos e alegrias que iluminaram as sombras...
Hoje, dia 12 do 12 do 12 revela-se o VI Prémio Cativa. Excecionalmente o prémio é atribuído pela segunda vez a Ricardo Araújo Pereira. No cinzentismo que asfixia o país. Na crise sem fim à vista, Ricardo, com o seu programa na Comercial, Mixórdia de Temáticas, continua a desocultar os pés de barro dos poderosos e dos profetas da desgraça. Com um humor inteligente e corrosivo, um sarcasmo que desconstrói os alicerces da moralidade imoral, disseca o corpus da nação revelando a podridão dos tecidos contaminados pela mediocridade dominante. Faz-nos rir e sorrir, dá-nos o que não encontramos nas vidinhas quotidianas da realidade. Ele torna-nos a vida mais suportável e feliz. É, por isso, uma honra para o Quinta atribuir-lhe pela segunda vez o prémio.
p.s. Passando a ser o ano superior ao mês (ano 13 maior que 12) passaremos a revelar o Prémio Cativa no mês de aniversário do blogue, ou seja no mês de maio.
Paulo Furtado, o "homem banda" que durante muitos anos percorreu o país mostrando os seus trabalhos sem grande êxito, é o Prémio Cativa V. Este multifacetado artista, apesar da fraca receção ao seu trabalho, nunca desistiu e continuou a mostrar a sua flamejante criatividade por vilas e cidades de Portugal. Finalmente, com o trabalho "Femina", o seu último projeto, que leva o seu génio criativo a públicos novos e mais alargados, nomeadamente internacionais, atinge o merecido sucesso.
A resposta internacional a Paulo Furtado fica bem explícita se referirmos que Femina foi editado em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha e mesmo nos Estados Unidos. Jarvis Cocker, mítico líder dos extintos Pulp, pediu a The Legendary Tigerman que assegurasse as primeiras partes da sua última digressão Europeia.
Em Portugal, o álbum já vendeu mais de 16.000 unidades e manteve-se no top de vendas nacional durante 44 semanas, aproximando-se rapidamente do galardão de Platina (20.000 unidades).
The Legendary Tigerman é, originalmente, um bluesman que bebe inspiração do Delta do Mississipi reinventando-se a cada álbum que grava.
Exemplo do artista que não cede e não desiste, enquadra-se perfeitamente no perfil do Prémio Cativa e é o laureado este ano com todo o mérito.
O 4º Prémio Cativa foi atribuído, segundo a lógica, no dia 10 do 10 do 10. Este prémio, com que esta modesta casinha galardoa alguém que se tenha destacado no campo da cultura, da solidariedade ou da defesa do meio ambiente, vai pela primeira vez para uma mulher. Uma mulher que se destacou, nos últimos anos, na defesa da educação e dos direitos das minorias. A premiada, este ano, é Ana Drago, socióloga e deputada do bloco de Esquerda e, além disso, ... uma mulher bonita.
Obra de José Bivar em exposição na nova galeria de Pechão.
A escolha foi feita, seguindo a lógica dos dois últimos Prémio Cativa, no dia 9 de Setembro. Só hoje o tempo permitiu a escrita de um post sobre o premiado deste ano. Pela primeira vez, o premiado é meu amigo (como diria um político, com muito prazer e muita honra).No entanto, esta amizade não tem nada a ver com a atribuição do Prémio Cativa deste ano. Ou pode ter, porque só conhecendo o Zé como conheço posso avaliar a sua importância no panorama artístico e assocativo do Algarve. Amigos amigos, prémios à parte.
"José Bivar. Descendente de El Cid, o Campeador, monárquico, neo-ruralista, artista plástico, criador da famosa Bienal de Faro e o homem que inventou a Rua do Crime e a sua primeira e mítica âncora: os Lábios Nus...", escrevia eu, há algum tempo, depois de uma tertúlia memorável em despedida do escritor e actor Valdir "Bujiganga", que regressava ao Brasil. Mas o Zé não é só isso: exilado em Paris, regressa a Portugal a seguir ao 25 de Abril e instala-se no chalé de Bela Mandil que passa a constituir, a partir daí, o maior cadinho de artistas que o Algarve alguma vez presenciou. Músicos, poetas, escritores, escultores, pintores, realizadores, declamadores, actores e gentes de todas as proveniências sociais, geracionais e geográficas tornam Bela Mandil uma referência cultural famejante e universal.
Está ainda para vir o estudo destes anos extraordinários de produção cultural no Chalé Cumano Bivar e a avaliação do trabalho desenvolvido por José Bivar ao longo detes 30 anos em prol do Algarve e do país.
Homem independente e livre, nada dado a afagos de egos carentes. De rumo impetuoso ao encontro das tempestades, evitando as bonanças apelativas, tem pago cara essa teimosia em viver a sua vida sem ceder a compromissos patrocinais. De tanto dar, hoje é um aristocrata financeiramente arruinado. As instituições fecham-lhe as portas e evitam-no. Um homem livre é sempre um inimigo a abater...
Um ano, um mês e um dia depois de ter sido atribuído o primeiro galardão Cativa a Jorge Palma, cabe-me o prazer de anunciar o prémio de 2008 que irá para o Ricardo Araújo Pereira. Prazer porque sendo o "Prémio Cativa" para quem "contribua de forma marcante para o bem estar das pessoas", Ricardo e os seus Gatos Fedorentos constituíram uma lufada de ar fresco que varreu este "país-sempre-em-crise".
Com um humor inteligente e interveniente (vide a rábula ao prof. Marcelo, no caso do referendo sobre o aborto, e no cartaz resposta à provocação do cartaz da extrema direita quanto à emigração) emergiram rompendo o nacional/humorismo do trio fatal, bêbedo, paneleiro, cornudo, que pulveriza audiências. Com o seu humor provocante, deambulando nos limites dos limites, Ricardo Araújo Pereira montou o espelho onde o país pôde contemplar-se sem intermediários. É duro mas é nossa imagem.
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