Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Eu sou a sombra do vento,
a silhueta das almas que penetram
a caverna onde repousas os dias
sem retorno. Eu renasço
nos teus lábios quando
a loucura se esconde no reflexo
do espelho acorrentado, renasço
para morrer em seguida no teu olhar.
Olhar que ampara a dor dos momentos
calados, inerte complexidade da rebeldia
projetada na parede turva do esquecimento.
Eu sou a morte que caminha
ao encontro dos sentimentos que se levantam
na planície instável, ao encontro
dos outros que emergem da noite
e espalham o medo na nostalgia dos incautos.
As tuas mãos afagam-me o cabelo sinuoso
e acalmam a podridão que escorre das pedras.
Só assim se compreende a inquietude das bocas
moribundas, escancaradas na exaustão
das fraturas reverberando o sexo encantatório.
Eu cubro a pele que me recebe pulsando
nas calmarias do pesadelo de sangue, espojo-me
no suor erótico das membranas latejantes
atingindo orgasmos irretletidos.
No barco em que navego ao encontro
das janelas da alma diviso o murmúrio
dos vagabundos que se aventuram
nos campos ébrios da batalha sem fim,
imprimo os passos que lavram os planos
divergentes da memória coletiva.
Eu sou a sombra do vento e ardo
nas tuas coxas voláteis.
Cativa 10/4/2011
dirias que a sanidade mental é um pergaminho afixado na parede para ser lido por quem não sabe interpretar as palavras lavradas na pele antiga.
Escarificas o restolho cansado
que me cobre a pele
revolves a carne superficial
onde a dor se aloja confundindo
os impulsos impenetráveis
da morte
Os sulcos que rasgas
na superfície instável (ainda
vegetação primitiva) impedem
o regresso da conversa concupiscência
Escarificas o restolho
preparando o corpo para o ódio
discreto da amplexa plenitude
deriva obtusa do sexo
inquieto.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.