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Quando as benignas ocorrências se arrastaram no oculto leito das lavas frias, o eterno convite para uma noite glamorosa e terna tornou-se realidade. Uma pausa? Uma irritante pausa? Não, acrescentaram as senhoras que passavam na rua enfeitada por fímbrias de lágrimas cadentes nas soleiras das portas. À primeira vista tudo era simples e confuso como as fiambreiras de alumínio incandescente, marmitas de esmalte com cavalas fritas para o almoço. Frias, degustadas no cimo do muro que envolve o reservatório da água aprisionada. Ali mesmo saltei para a caixa de areia e dei saltos mortais na sombra indelével do impossível. Mais uma pausa! Não quero nem saber do interdito que quer ser exprimido aos sete ventos. Romper a aurora que vence a noite e embrulha os sonhos numa película de infinito rebuscado e fosco. Numa hiper- realidade surreal. Conforme os astros que se acotovelam no lusco-fusco da fronteira final da tarde. Quero sentir os calafrios suores da corrida que embaraça as criaturas insanas rebolando nos meandros da loucura inabitável. Dirias que a sanidade mental é um pergaminho afixado na parede para ser lido por quem não sabe interpretar as palavras lavradas na pele antiga. Que as mentalidades do homem que criou a grafia agitam as comunidades rutilantes da cidade, revolvendo os que acompanham as medianas confusões da civilidade. O poeta, que nunca escreveu uma palavra, confidencia-me que quase nunca lhe acode um pensamento e que, quando as ideias se encadeiam gerando novas perplexidades, se masturba até o pensamento se esvair na libido anestesiante.
As benignas ocorrências. Tínhamos começado com elas. O onanismo, envolto na decrepitude do corpo e na loquaz felicidade dos tempos que passámos juntos, consome todos os que se negam a viajar nos caminhos onde as papoilas emergem das pedras. É um mundo renascido do poder dos que nunca revelaram conhecer a divindade que se movimenta irascível e prenha de solidariedade. Nas confrarias da arte, nos parlamentos políticos, até nas comunidades de pastores de tudo e de nada ardem as sibilas que do futuro predizem o passado. Como gritos que rompem a solidão, tatuam de morte a noite silenciosa. São as mesma palavras que ressoam nas paredes da tua casa. Um envolvimento que paira nos confins do abismo. Na periferia da cornucópia sanguinolenta. São os que se alimentam aliviando os que não têm fome. Que devoram a perene tradição de triunfar sobre os que não têm rosto. Os que encontram na negação da luminosidade a vontade de partir através dos corpos escalavrados dos ressuscitados do pó que repousa no antro das benignas ocorrências. Numa pausa que nega o sexo impotente.
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