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No Bar do Costume

por vítor, em 26.08.08

Uma mulher entrou de mansinho arrastando as solas dos sapatos na tijoleira vermelha. Apertou a mão a uma salamandra semi-nua, que vagueava ao acaso pelas redondezas, e resolveu pedir um bagaço.

O empregado, senhor de um porte arredondado, serviu com a gentileza do costume.

Deu um trago sem pestanejar e sentou-se na arquibancada do fundo retirando um chupa-chupa da malinha ligeira. Chupa aqui... bebe ali...chupa aqui... bebe ali... e assim vai o relógio do bar consumindo o inexorável fluir do tempo.

Entram clientes, sentam-se, bebem e pagam quase sem falar, enquanto o relógio e o empregado vão servindo sem pressas.

Duas rebimba-corações bebem em silêncio na esplanada. O Sol mergulha no mar e as gaivotas erguem-se nas sombras. Ao longe, um saxofone geme milagrosamente entre a babuja da preia-mar.

A mulher levantou-se e dirigiu-se ao balcão ostensivamente envernizado de espuma.

 - A minha conta, pediu com gestos meticulosamente embaraçados.

O empregado, que presenciara a lenta progressão da elegante senhora no salão, levantou-se cordialmente, do banco atrás do balcão, deixando o jornal, que lia sem interesse, pousar nas imperiais por tirar.

Uma centopeia, sem pernas, gritou na noite. A brisa nocturna, sem devaneios, invadira os lugares obsoletos, mordiscando os pensamentos dos lampiões tímidos da rua.

No instante em que a mulher tirou o montante, exigido pelo bagaço; da malinha, entrou no bar um cavalheiro sem olhar. A noite pareceu mergulhar no vasto oceano, enquanto o saxofone se extinguia entre os barcos sem cais.

Sem retirar o sobretudo, o homem sem olhar, voltou à rua e atirou-se na noite desaparecendo na encruzilhada das trevas.

A mulher, depois de receber o troco, penetrou no ar frio da maresia deixando um rasto de luz no alcatrão ainda quente.

O empregado, retomou a leitura do seu velho jornal: ... a solidão é o império dos sentidos.

 

 


 

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publicado às 22:20

Contos da Ria

por vítor, em 05.08.08
 
MICROFICÇÃO

pedro jubilot                                                    

‘atira-te ao mar’

contos na ria formosa

 

 

 

-Marque! Ó Marque! Alevanta-te! -gritava o avô à porta da salinha dirigindo-se para a cozinha de chávena de tófina na mão.

 -Conte na valia aquele cafézinhe chê de borras que tu me fazias-me com sopas conde ê cá endava da secada, desabafa António José.  

Ao que obtém a resposta da mulher:

-Pô era...e sejava cafeteras, fegão...e o moçe cada vez tá pior. Côme chega cêde ainda se põe a ver vides da telervisão até de manhazinha.

Mestre Toino foi de novo à porta da sala um pouco mais chateado e gritou :

 -Marque Entoine! Alevanta-te já desgraçade! Daqui a pouque tenhe o barque em seque.

 Pegando no boné saiu falando entre dentes:

  -O tê pai e a tu mãe é que tom bem lá da alemonha e ê que me charingue páqui  contigue. Vô ma é endande pá do 7 estrelas. Se na apareces lá daqui a dé menutes bem podes ir trabalhar pá zobras que cá nan te dô ma denhere denhum pó reste das féras.

 A avó liga a radio atlântico(ela gostava mais da antiga radio restauração do sr. Julinho, ali ao pé da rua de faro mas agora mudaram aquilo e só tocam músicas estrangeiras e estão sempre a falar das bichas de carros em lisboa) e locutor fala pelos cotovelos:

  -São 8 e 49 estão já 22 graus e agora o novo êxito dos Iris da Fuzeta para este verão: “Atira-te ao mar”. A avó aproveita a embalagem: -Marquinhe, vai já ter com o tê avô ca maré hoje é boa pa ganhares uma nota.

Por fim o rapaz levantou-se, meteu um ice-tea no bolso e foi comendo uma sandes de queijo preparada pela avó. Levava também, mas metida na cabeça a música com que acordara, e já se sabe o que acontece nestes casos -ela não nos larga para o dia.

Apanhou o avó à porta da taberna: - Tá no ir ó não.

Mestre Toino que já tomara 2 de 5 resmungou:

-Vê lá se te alevantas má cêde quê já tô velhe pa trabalhar pa ti… ainda ê usava fraldas e já ia ó mar.

Ao que o Marco comentou trocista:-devia ser même bué da fixe o avó de dodotes assentade a borde do savêre. E o velho deu-lhe uma carolada na orelha enquanto retorquia: 

-Se calhar pensas que do mê tempe avia cá essas mariquices.

 Lá empurraram o barco para a água e fizeram-se à Ria Formosa, que já era tarde e o calor apertava. Daí a pouco começaram a labuta.

Mas a teimosa melodia lá vinha à boca do neto:

Mó, o qué que fazes aqui».                                                                                         

O avó esclareceu-o: -Pouque barulhe qu’zolhes das amenjoas se fechem.

Mas mesmo com tanto suor entre as cavadelas fundas feitas na areia Marco não conseguia deixar de pensar na música:

Má per qué que me dexaste da mão».

Passadas umas boas 3 horas de trabalho à torreira do sol o avô decidiu dar por terminada a tarefa e de regresso ao barco continuava a canção do momento :

Dá-me um bêje da boca e chama-me trazan».

O velho pescador já nada dizia, apenas abanava a cabeça, pensando com os seus botões, enquanto se dirigiam para o bote. Quando foi ver o resultado da apanha pelo neto não se conteve em puni-lo:

-Même assim ainda apanhástes muntas amenjoas...com um côrpe desses. Tem ma é vergonha, tem.

E como se fosse uma desgarrada, agora o moço:

Tá o mar fête dum cão, nan à choque nem brebegão».

Resposta pronta de Mestre Toino:

-Já me tás a enretar com essa merda de múseca. Ainda levas ma é uma cheparlada do mê da cara.

Para piorar a situação o motor do barco não parecia responder ao apelo manual de iniciar marcha, pelo que Marco se tornou voluntário à força:

-Agarra ma é dos rémes. Do mê tempe e até do tempe do tê pai conde era môçe remávamos o dia tôde. Estes moçes dagóra parecem fêtes de caca.

Ao ver-se ofendido o rapaz usou de novo a canção:

Tens cá uma mania que até dá dó».

Mestre Toino percebera a indirecta e quando o jovem se levantou para pegar os remos, ele desviou-se  bruscamente para o mesmo lado do barco em que Marco se encontrava, e então -homem ao mar!.. ou melhor, moço ao mar.

Marco esbracejava estragado da vida enquanto na sua cabeça estalava novamente o refrão, desta vez entoado pelo avô:

Atira-te ó mar e diz que te empurrarem».

Mas dá a sensação que o Sr. António já tinha aquela fisgada, pois o motor do barco, que se afastava com a corrente, pegou logo a seguir. Marco, esse teve de nadar até à doca, que apesar de tudo não era muito longe.

À noite, depois do jantar, Mestre Toino e a mulher sentaram-se como de costume à porta de casa a falar com os vizinhos, comentado a quantidade de água gasta pelo neto, que finalmente vinha a sair, e ainda magoado com a partida do avô apenas dirigiu um:

-Boa noite avó, até amanhã!

Ela chamou-o: - Olha Marquinhe, espera aí que o tê avô tem uma coisa pa te dar.

Cinco contos para gastar no Festival do Marisco dessa noite. Marco agarrou na nota, que afinal era a paga do seu trabalho, e foi orgulhosamente rua abaixo sem agradecer ao avô.

Mestre Toino não resistiu e comentou:

-Fó mó, o chêre a prefume é má que munte. Tu é que tens uma mania que até dá dó. 

 

(Um conto do meu amigo Pedro tecido (bilros?) com uma música  dos Íris da Fuzeta, onde nos podemos deliciar com o

extraordinário falejar de Olhão)

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publicado às 00:30

A Mulher Santa

por vítor, em 07.07.08

 

 

  Afinal que faço nesta cozinha sem parafusos? Espreito a confusão da vizinhança para esquecer o nome dos amigos mais inclinados sobre a minha carcaça. Depois há a história do homenzinho que só tinha memória.

  Uma vez encontrei um homem que sabia falar do passado. Disse: eu só sei que não estou aqui, eu ando a viajar no tempo que já existiu antes de parecer que o é.

  Foram os dois, eu e ele, deslizando por entre as colinas rochosas da consciência. Aonde iremos? Pensei eu, rodeando cuidadosamente o cansaço envolvente. Chegaram a um local onde só se via o mar. Ali, disse ele sorrindo sem abrir os lábios, encontrei um dia uma mulher santa. E depois, como se a vida fosse um pião que nunca rodou. Era um dia soalheiro e o mar levantou-se tarde.

  A mulher agarrou-me a mão e disse-me que fôssemos ver as pradarias da neve onde habitam seres sem forma alguma. Fomos, eu e ele, caminhando até perder de vista. Fomos, ele e ela, até perder de vista, onde esperámos alguns amigos.

  Aquele homem contava-me milhares de histórias por onde nunca ninguém tinha passado e onde a criação era tão estética que não existia. Onde as pessoas eram tanto mais úteis quanto mais inúteis.

  Os amigos chegaram, então, entoando canções tristes e fumando caroços de espingardas. Chegaram e dançámos um pouco. A mulher, que mais tarde o homem soube que era santa, não moveu os cotovelos enquanto a música soou.

  Sentámo-nos, eu e ele, falando por entre as persianas do meu quarto.

  A mulher retirou os lábios. Aspirou-os pelo nariz. Todos experimentámos o mesmo, sentindo os pés a desligarem-se do solo. Sensação tal, só se conhece quando se lêem poemas na cama das mulheres que se amam. O homem não pôde conter-se e saiu de perto de mim. Vi que chorava como se fosse a primeira vez que o fazia. Soube mais tarde que não chorava, sentia o tempo.

  Quando puderam parar as emoções imprimidas pela vivência , um a um amaram a mulher. Depois todos. Depois nenhum.

   Mas o amor não é infinito, perguntei eu, talvez ingenuamente. Não, respondeu ele - ou talvez ela, o amor é o fim da imaginação é o princípio da estagnação dos sentimentos. Quem ama não sente, e aliás, nunca se sabe até onde os rios podem ala(r )gar as terras da paixão. Essa sim, infinita, portadora de dor e angústia. A paixão, meu irmão, assim como a saudade, são forças sem fim e sem começo. Na sua linha de contacto existe tudo o que há de bom. Nessa linha  bamboleiam os loucos. Para além dela, encontramos a morte da arte e o presente.

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publicado às 19:17

O Algarve, país das maravilhas...

por vítor, em 01.08.07
"O mar do Algarve é feito de cartão como nos cenários de teatro e os ingleses não percebem: estendem conscienciosamente as toalhas na serradura da areia, protegem-se com óculos escuros do Sol de papel, passeiam encantados no palco de Albufeira em que funcionários públicos, disfarçados de hippies de carnaval, lhes impingem, acocorados no chão, colares marroquinos fabricados em segredo pela junta de turismo, e acabam por ancorar ao fim da tarde em esplanadas postiças, onde servem bebidas inventadas em copos que não existem, as quais deixam na boca o sabor sem gosto dos uísques fornecidos aos figurantes durante os dramas da televisão. Depois do Alentejo, evaporado na paisagem horizontal como manteiga numa fatia queimada,, as chaminés que se diriam construídas de cola e paus de fósforos por asilados habilidosos, e as ondas que se diluem sem ruído na praia do croché manso da espuma, faziam-no sempre sentir-se como os bonecos de açúcar nos bolos da noiva, habitante espantado de um mundo de trouxas de ovos e de croquetes espetados em palitos, a imitar casas e ruas...

"O Conhecimento do Inferno", António Lobo Antunes.

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publicado às 14:50

Este é o meu mundo

por vítor, em 10.07.07

Ontem fui a um funeral. Quando era novo não ia a funerais. Toda a gente que morria me era distante e, mesmo os falecidos da minha aldeia, vagamente conhecidos. Lembro-me de só ter ido aos funerais dos meus avós e de um amigo colega de turma do quinto ano (quinto antigo). Aliás minto! Fui, como todos os rapazolas da aldeia, a alguns funerais de soldados mortos na Guerra Colonial. Nem os conhecíamos. Só lá aparecíamos para ver as salvas de honra (?) em memória dos, por certo pensávamos nós, heróicos lutadores e para colhermos as cápsulas que saltavam das G3, que depois utilizávamos nas nossas guerra particulares. Ainda hoje estou a ver os caixões, devidamente selados, ladeados por garbosos soldados que, metralhadoras apontadas ao ar, disparavam em honra dos

“ mártires da pátria” enquanto as cápsulas das balas(?) saltavam em todas as direcções.

 

Depois, à medida que fui envelhecendo e entrando naquela que apelidam de “meia idade”, comecei a reparar que os falecidos cada vez me eram mais próximos e  mais queridos. Comecei a “acompanhar até à última morada” alguns. Como acompanhava a minha mãe nestes pequenos cortejos, a conversa, o caminhar conjunto e a companhia, qual saliva canina de Pavlov, começou a ronronar-me docemente no cérebro. O encontro com velhos amigos que não via há muito e até umas cervejolas que bebíamos no final do ritual, também era gratificante. E cá estou eu um regular frequentador de funerais. Não tanto como o Presidente da Câmara e da Freguesia, ou como a maior parte dos  habitantes das aldeias da zona, mas não falhando um cortejo em que um amigo ou pessoa que me toque o coração, seja o “corpo”.

 

Assim foi ontem. O Francisco era um velho pescador que, não obstante a diferença de idades (20 anos) sempre tratei por tu. Desde menino que o fazia sem a menor exitação. O Francisco morreu anteontem. De cancro galopante. Felizmente, que esta ceifeira costuma alongar o sofrimento até aos píncaros da humilhação corpórea. Para ele e para todos, que eram todos, os que tinham a honra e o orgulho de o ter como amigo. Nunca casara e vivia com uma irmã também solteirona. De um humor corrosivo, quando deixava os amigos, depois de umas noites de copos, dizia que tinha que ir pois  o marido estava à espera. O marido era a irmã, está bem claro de ver. Homem do mar, com  profundas rugas cavadas na face e a cor dos homens das ondas, era muitas vezes escolhido como modelo de pintores que vagabundeavam nas margens da Ria Formosa. As suas histórias, quase sempre as mesmas, eram infindáveis. Nasceu numa casa  junto às águas e na mesma deixou de respirar. Quando, por velhice e crise das pescas, se tornou um “mestre de terra”, passava a maior parte dos seus longos dias sentado na marginal de Cabanas olhando os aspectos dos tempos: dos ventos e do mar. Adivinhava os “Levantes” e quando acalmariam as investidas irregulares do “Norte”. Adorava conversar e mesmo com o seu humor difícil, não se lhe conheciam inimigos.

 

Ontem, quando subia a íngreme ladeira que nos leva da igreja ao cemitério ( a minha mãe desta vez não aguentou toda a subida, os 40 graus à sombra não aconselhavam brincadeiras), ia ouvindo as suas histórias sobre os homens do mar, sobre os barcos, a pesca e o tempo. Cá atrás no pelotão ia revendo os homens e mulheres que comigo subiam a ladeira. Conhecia-os a todos. Talvez não me lembrasse já dos nomes de muitos. Uns que tinham andado na escola comigo, outros com quem tinha jogado à bola, com outros tinha calcorreado os bailes da vizinhança, com algumas tinha namoriscado. Dos  mais velhos tinha aprendido a ir vivendo, com as suas histórias e conselhos. Vi também que os pescadores, a maioria dos acompanhantes, já não usam as conhecidas camisas aos quadros. Será que é por ser Verão e estas serem de flanela? Reparei também, e pude compará-lo com os não pescadores, que não havia pescadores gordos. Todos secos e rugosos. O padre, velhinho e doente, também era um meu velho conhecido. Foi o primeiro a ter televisão na aldeia e onde se juntava todo o povo em ocasiões especiais tipo Festival da Canção. Foi até meu professor de História algures no tempo. Todos a evidenciar o fluir do tempo. Menos cabelo, mais curvados, mais ornamentados de óculos, menos dentes e os problemas de saúde de pobres e velhos. É sempre uma alegria ver o Rui, meu ídolo, que defendia as balizas  da terra ainda aos 40 e muitos, com o cabelo todo branco e com o aspecto de um velhinho simpático, ou, ainda no futebol, o Juanico, dos grandes defesas centrais de Tavira (com quem ainda tive a felicidade de jogar) a arrastar-se encosta acima para levar um amigo até ao fim. Ao fim do bio, não do ser. Esse resistirá enquanto os que o seguem cá andarem. O Zé Armindo, o maior armador aos pássaros do Universo, com uns óculos fundo de garrafa que não lhe permitem distinguir uma cegonha de uma lambreta. E para terminar a olhadela pelos amigos de sempre, deixem-me dizer-vos que ali vem o mestre Mário, pai do meu amigo Mário. É uma sombra do homem alegre que sempre foi. Arrastando-se com dificuldade à entrada do cemitério, faz-me vir, finalmente as lágrimas aos olhos. Quantas gargalhadas em conjunto, as pescarias, as petiscadas… A velhice é terrível e só se aproveitam a beleza dos rostos e as recordações de outrora. Era bom que me convencesse que era de outra forma porque caminho para lá. Mas não tenho ilusões este fim não é como no filmes americanos. Só nos resta o acompanhamento dos amigos. Na vida a e na morte.

 

Esta é a minha gente. Eu pertenço a este mundo onde cresci e aprendi tudo o que sei. O Francisco continua a ser um dos meus. Do nossos!

 

 

 

 

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publicado às 02:13


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