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Apareces sempre que o embaraço escalda
nas ruas onde a impossibilidade espreita
quando a inútil confluência dos afectos
encontra o vácuo ardente das peles áridas.
Apareces como espectro sem leitura
oração sem consequência
escarificando feridas húmidas
revolvendo memórias nas prateleiras longínquas
que obscurecem a sexualidade moribunda
sedimentada na poeira da amargura.
Apareces acenando ao longe
atravessando o abismo intransponível
da loucura instalada e fácil
carregando sinais que permanecem nas eternas tempestades
convocando gritos que rasgam cenários escuros
da inacabada árvore dos sonhos.
Na tua voluptuosa estratégia dançante
arrasas as defesas do destino
as portas que protegem da festa que alicia
os fluxos inertes da solidão.
O alvo não é um refúgio sem consequências
um cadinho estanque e frio.
Todos os lugares transportam distopias carnais e suicidas
tentações brutais que afrouxam a coesão sofrida dos sentimentos.
Apareces e nunca ousas mostra-te.
Monte Gordo (aula de substituição - 9 B)
5/01/2009
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