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:)CanalSonora(: editora a 37° 7′ 0″ N, 7° 39′ 0″ W
pequenos livros~grandes segredos~volumes portáteis~emoções resguardadas
~ Tem o prazer de anunciar o seu primeiro lançamento de 2014:
‘Espuma Evanescente’ de VITOR G. CARDEIRA (cs03liv.jan14)
«Primeiro ato neste início de ano diluviano. O caminho faz-se caminhando e em janeiro os pés far-se-ão desenhar nas lamas fecundas do restolho agonizante. A vida irrompe onde a morte alimentou os campos de ausência e asperidade. Os dias de março virão e batizaremos a terra de luz e cor. Siga a ação que comando eu. A continuidade é uma mal dita palavra nas noites que introduzem a perenidade das coisas. Das coisas que precedem o silêncio.» (P.19)
Dia 12, sábado, lá subirei, com grande sacrifício, à capital para a apresentação deste fabuloso livro da Joana Serrado e editado pela 4 Águas. Sacrifício pela viagem, não pelo livro. Ainda por cima tenho que voltar no mesmo dia pois, a treze, a minha querida mãe faz 80 anos. E esse dia não poderei deixar de estar junto a si todo o tempo.
"Da 12 de Janeiro de 2012, pelas 18H00, na Guilherme Cossoul de Campolide: Rua Professor Sousa da Câmara, 156 – Campolide (às Amoreiras), a sessão de apresentação do livro «GUARANY» de Joana Serrado, editado pela 4Águas.
O livro será apresentado por Nuno Júdice e Arie Pos, numa tertúlia em torno dos temas “Cafés”, “Poesia” e “Clássicos”.
Haverá leituras de poemas do livro por Inês Ramos.
O artista a preprar-se para lançar o seu último livro "passagem através do fogo" no chão sagrado do Chalé de Bela Mandil, em Olhão. Convite irrecusável do anfitrião, José Bivar, que recebe os artistas como ninguém.
O bonito foi quando, esta espécie de artista, sacando da provocação nº 37, alvitrou que a arte não serve para inquietar ou contaminar ninguém. A plateia, quase toda a diminuta plateia, formatada pela corrente redutora dos meios artísticos, fermeu de indignação e malhou no que tem como lema "nunca incomodar"...
Bem, esteve o poeta Rui Dias Simão que não incomodou ninguém. O lançador, contrariando o seu lema, acabou por incomodar. Vá lá que não sacou da provocação 24: "estou um bocadinho farto de artistas, só a obra pode valer a pena"...
Estão de parabéns o Zé e a Joana que tornaram o Chalé no maior centro cultural de Portugal. Este verão, então, tem sido de arrasar. Cada noite é uma noite. O mundo todo a girar à volta deste local de onde se ergue a poeira dos tempos e respira a leveza do futuro.
É pena; às vezes, convidarem artistas tão fraquinhos...
Após um longo período de gestação, hoje, foi parido este...
Como sempre, uma produção edições CATIVA
Estas escrituras são a ganga daquilo que me propus escrever quando comecei o blogue Quinta Cativa. O que não encaixa numa escrita que pode ser considerada uma tentativa de produção literária. No entanto, encontro, no que a seguir virá, às vezes, uma força que não poderia deixar à deriva num blogue perdido no mundo cibernético. Por isso resolvi “editar” o que, em princípio, não seria para editar.
Estas reflexões e desabafos foram sendo postados ao longo dos anos de acordo com acontecimentos reais que foram ocorrendo e com estados de alma, muitas vezes, datados ou formatados pelo tempo que passa. Quase sempre acompanhados de imagens ou música, que os completavam, não encontramos neles um fio condutor e, as mais das vezes, falta-nos a coisa que o despoletou. Desta forma, a sua leitura pode tornar-se confusa e pouco compreensível.
O livro está dividido em quatro grandes capítulos para poder obstar a estes inconvenientes estruturais e hermenêuticos:
A – Política: guerra e sociedade.
B – Antropologias e outras artes.
C – O caminho da morte.
D – Cenas campestres.
E – Futebóis e outro jogos.
A editora 4 Águas apresenta a nova obra de António Ramos Rosa. Prosas Seguidas de Diálogos. Uma pequena, independente e quase desconhecida editora do Algarve incendeia o panorama editorial, editando o maior poeta português vivo.
Já à venda online. A obra é fantástica. O artista assim-assim. Vale a pena comprar. 1º edição e obra total do artista: criação, capa, paginação.
O livro, em si, está barato. Os portes encarecem-no. Mas valerá sempre a pena. O autor, ou seja moi, se o quiser ter, também tem que pagar. E muito mais caro, muito mais caro...
Divirtam-se lendo!, é o desejo deste humilde transeunte.
Este foi um dos homens mais importantes da minha adolescência. Morreu há 50 anos.
Sou um leitor quase fanático de José Saramago, mas não concordo muitas vezes com o que o homem diz. Penso mesmo que A Paixão Segundo Jesus Cristo é um dos mais belos textos sobre religião (religioso?) alguma vez já escritos.
Eu que sou um cristão ateu gosto muito de ler a Bíblia. Tanto como gosto de ler os livros de Saramago. No entanto não posso ficar indiferente à vaga de fundo contra a liberdade de expressão que as suas palavras, livres e legítimas, fizeram varrer a nossa terrinha.
O sr.Mário David (nunca tinha ouvido falar em tal pessoa, defeito meu certamente) também tem direito à livre expressão e à palermice sem limites. No entanto, como político que é, sabe como pode condicionar a liberdade de expressão. Penso mesmo que esta atitude do deputado europeu é o maior atentado à liberdade de expressão em Portugal, nos últimos tempos.
Felizmente, como diz o nosso povo ( recitando o camarada Jerónimo), vozes de burro não chegam ao céu...
Alguns ficaram para trás
o caminho tinha buracos e sabiam-no
abismos laterais
e não os temeram.
Uns soçobraram nos primeiros palmos da curta jornada
atarantados pelo súbito levantar dos cabelos.
Os que presenciaram a aspiração das almas,
caíram um pouco com eles, mas continuaram a trilhar
a poeira dos atalhos.
As linhas que conduzem os gritos
levam-me a terras estranhas
onde os moradores enlatam sonhos
que engolem os que não sabem esperar
pelas imposições agrestes da morte.
Em Marrakesh dormimos nas açoteias doridas
do barro tecido a kiff.
Em Amesterdão dormimos com as mulheres
que não sabiam podar laranjeiras.
Em Bordéus dormimos no átrio da estação de comboios
com lágrimas partilhadas por todos.
Quando acordámos, muitos tinham voltado atrás
o medo toldara-lhes o futuro
as suas mães cantavam nos mares originais.
Tapámos os ouvidos com cera
e os pés voltaram a rasgar as sendas desconhecidas
do acaso.
Para onde queres ser levado?
Pareceu-me ouvir
vindo da intolerância espiral
das atitudes ateológicas.
Nunca um amigo uivará na noite
sem que tudo pare
sem que o rastejar dos sentimentos
se esboroe na areia das engrenagens.
Depois do amor chegam aqueles que o amor contem
os que não deixarão de nos acompanhar
os que são a carne que restará da carne
que a terra nunca há-de aceitar.
A carga tornou-se pesada
e os pés afundaram-se nas águas rasgando o caminho,
impossibilitando a progressão de alguém na poeira lavrada.
Mesmo assim teimámos seguindo os mortos esquecidos
os sem rosto ecoando antanho nos labirintos.
És a espuma silenciosa que se alevanta na proa
revolvendo as correntes inadvertidas do tempo
o nevoeiro que oculta a insensata correria
dos deuses.
Os homens não são o que a natureza quis para si,
os frutos contêm os genes da podridão
que alimentam o que renasce da escuridão prenhe de sabedoria
Olhas, então, para trás.
Nada do que vês te é íntimo.
As pegadas cruzam-se em bebedeiras estéreis,
em estratagemas frágeis que ocultam a memória.
Voltar atrás será uma aventura tão rude
como seguir em frente.
És tu que tens que decidir
sou eu quem escolherá o destino.
Resolvemos recomeçar os trilhos invisíveis
que se estendem pela imensidão do deserto!
Quantos ainda nos acompanharão?
Quantos desistiram exaustos?
Quantos voltaram a pisar os mesmos pés que os pés calcaram?
Nada interessa.
O que fazemos hoje iniciará pensamentos
anacrónicos amanhã.
E tudo recomeça a partir do lodo inicial,
nos primórdios da caminhada.
Eis senão que alguns se adiantam
e se despenham na sofreguidão da jornada
no abismo que ampara e enternece.
Refulgem na noite e alcançam
as esculturas da libertação da morte.
Nada disso me interessa, nos interessa.
Fico só
eu e a imensidão dos nossos.
Ninguém é ele próprio
todos caminham à boleia de todos.
Só quando nos excluirmos da globalização da consciência
sairemos para sempre de deus.
O esquecimento varrerá as partículas que restam
e nada será tudo (como sempre foi)
A marcha que nos conforta a respiração deixará, então,
a podridão alimentar o retorno dos corpos.
(Este será o poema que encerrará o livro "Partículas" que com ele finda até ao fim dos dias)
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