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JOSÉ LUIS RODRÍGUEZ ZAPATERO
Tu abuelo, nos contaste, intuyendo el final de su existencia en la Tierra, fue diciendo adiós a los amigos, a su familia, a la naturaleza, porque quería estar lúcido y presente cuando la muerte llegara. Por eso, se abrazaba a los árboles que guardaban las páginas escritas de su vida. Me llega la triste noticia de tu muerte y te evoco, el verano pasado, en la biblioteca de tu casa de Lanzarote. Vuelves a ser el perfecto anfitrión, el hombre cortés, inteligente, generoso, al que le gusta compartir la amistad. Me honra ser tu invitado. Pilar, tu compañera, tu cómplice, parece señalar en silencio a todos y cada uno de tus personajes en ti: al Ricardo Reis que se compadece de la soledad de los poetas y ayuda a no temer la memoria, a los inventores de artefactos angélicos que quieren enseñar a los seres humanos a volar "aunque les cueste la vida", a aquel alfarero que libra a los esclavos de una nueva caverna porque se niega a aceptar ciertas cegueras que imponen desigualdad y dolor. Tú, que has sido también todos los nombres, no terminas aquí. 2010 es ya, para siempre, el año de la muerte de José Saramago, pero tus libros forman un maravilloso bosque de dignidad. Y yo me abrazo al árbol para mantener tu memoria..
O panorama da literatura portuguesa é um deserto bem árido. Nesse deserto emergem, raras vezes, oásis flamejantes que se projetam na história da literatura universal. Esses oásis disfarçam a mediocridade dominante. Com os dedos de uma só mão contaríamos os génios da literatura universal que também o são da literatura portuguesa. Temos Luís de Camões, temos o maior poeta que se passeou na crosta da Terra, Fernando Pessoa, e temos José Saramago. O resto é paisagem. Por vezes indistinta. Rasa e nula.
Hoje, desapareceu fisicamente o maior prosador da língua portuguesa e um dos maiores da literatura universal. Chamava-se José. A plateia pateou-o muitas vezes. A genialidade é desassossegante e o desassossego é a morte do burguês. A literatura portugesa é burguesa. Contentinha e vaidosa. Auto-satisfaz-se e não arrisca. É um mundo de palmadinhas nas costas e de apresentações de uns para outros e de outros para os mesmos. Hoje é um dia verdadeiro. Todos vão tentar ser seus amigos. Todos irão esbarrar com a morte que traz a eternidade.
Sou um leitor quase fanático de José Saramago, mas não concordo muitas vezes com o que o homem diz. Penso mesmo que A Paixão Segundo Jesus Cristo é um dos mais belos textos sobre religião (religioso?) alguma vez já escritos.
Eu que sou um cristão ateu gosto muito de ler a Bíblia. Tanto como gosto de ler os livros de Saramago. No entanto não posso ficar indiferente à vaga de fundo contra a liberdade de expressão que as suas palavras, livres e legítimas, fizeram varrer a nossa terrinha.
O sr.Mário David (nunca tinha ouvido falar em tal pessoa, defeito meu certamente) também tem direito à livre expressão e à palermice sem limites. No entanto, como político que é, sabe como pode condicionar a liberdade de expressão. Penso mesmo que esta atitude do deputado europeu é o maior atentado à liberdade de expressão em Portugal, nos últimos tempos.
Felizmente, como diz o nosso povo ( recitando o camarada Jerónimo), vozes de burro não chegam ao céu...
"O que está a passar-se é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade, e é desta perspectiva que deveria ser ser objecto de análise em todos os foros públicos e em todas as consciências. Não estou a exagerar. Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é o que os poderes financeiros e económicos dos Estados Unidos, com a cumplicidade efectiva ou tácita do seu governo, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o dinheiro que ainda lhes resta, depois de, em muitíssimos casos (não duvido que sejam milhões), haverem perdido a sua única e quantas vezes escassa fonte de rendimento, o trabalho.
Os criminosos são conhecidos, têm nomes e apelidos, deslocam-se em limusinas quando vão jogar golfe, e tão seguros de si mesmos que nem sequer pensaram em esconder-se. São fáceis de apanhar. Quem se atreve a levar este "gang" aos tribunais?
José Saramago, hoje, no "Expresso".
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