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Conhecia-o de vista na FCSH , da Nova. Era um sucesso entre os alunos ( sobretudo entre as alunas). Infelizmente não pertencia ao corpo docente que tínhamos em Antropologia.
Mais tarde tornei-me seu amigo através das crónicas diárias no nosso Público. Como amigos verdadeiros, nem sempre concordávamos.
Agora, vou sentir o vazio de uma incompreensível ausência. A ausência do verbo...
A seara tinha-se feito linda, saudável e alta. O homem, no meio dela, confundia-se com a paisagem. Não parecia um homem, era um elemento da seara. Ninguém distinguia uma espiga da outra, uma cabeça de uma espiga dourada. Tudo era tudo, nada também. O homem sentia-se despersonalizado e triste. A beleza da seara só era perceptível vista de fora. Ondulando ao vento, a vegetação áspera provocava-lhe cócegas irritantes. A auto-estima individual diluía-se na murmurante multidão anódina.
O homem não aguentou mais: urrando ao vento esmagou a seara envolvente e emergiu uno e imperial. Na paisagem vislumbrava-se claramente uma figura humana erecta e besta. Um narciso reflectido na superfície polida da solidão.
P.S. Se a paciência não tivesse limites tempos de ceifa viriam breves e o nosso homem tornar-se-ia ceifeiro e colheria as espigas prenhes de futuro.
Na semana em que o "Público" se revolucionou e apareceu forte e colorido, o Sr. Oliveira promove o hara-kiri da sua jóia da coroa, o DN. Não terá ainda percebido que um bom produto leva tempo a fazer, ainda por cima, nestes tempos difíceis para o suporte papel?
Ou será que prefere um produto tabloidizado , insonso e manso? A mim parece-me que sim!
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