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As portas impossíveis do paraíso

por vítor, em 03.06.24






 



São muitas as portas que dão entrada ao paraíso, estreitas, mas muitas. Estão todas fechadas. São portas sólidas e cada uma tem a sua própria chave. Tens acesso a todas as chaves. Elas brilham nas tuas mãos, perante as fechaduras cegas, enquanto escolhes uma para tentar acertar na devida porta. As chaves parecem todas iguais, mas cada uma serve a uma e a só uma porta. Sabes que depois de experimentares uma delas nunca mais a poderás usar pois não a conseguirás extrair da fechadura tentada. São tantas as portas que não te importas que algumas se tornem inacessíveis. O verdadeiro problema é que para tantas portas só existe uma chave. E não terás, certamente, tempo de vida para experimentar todas as chaves. Os matemáticos saberão, com os seus cálculos e fórmulas, as probabilidades de acertar na porta certa. De quantas tentativas terás que precisar para conseguir abrir uma. De quanto tempo vais precisar para teres a sorte de escancarar uma porta para o paraíso. Até, e isto com a ajuda dos psicólogos, como cresce a ansiedade à medida que as chaves, as tuas chaves, outros terão as suas, se vão cravando nas fechaduras erradas. Mas, garanto-to eu, que já renunciei ao paraíso em vida, e, sobretudo, depois da morte, que o que te motiva, o que te empurra enraivecido, até, é o desejo de abrir todas as portas de forma a que as fronteiras entre inferno e paraíso se desvaneçam como neblina ao Sol de verão. Mas para isso, sabe-lo bem, precisavas de abrir todas as portas.














 

 

 







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publicado às 17:32

Podes Sempre Voltar Atrás

por vítor, em 03.06.24

 



Se me dissessem que a minha primeira casa seria uma gaiola dourada de pássaro canoro, o resto do meu dia seria passado a roer as grades dessa tão bela e cómoda casa. Sendo expectável que o aço resistiria aos meus dentes, nada mais aceitaria que se comesse, de forma a me tornar tão magro que pudesse atravessar o vazio das barras metálicas. Os pilares do que em mim se erguia! E se, mesmo assim, prevalecesse o frio da prisão imaginada, e se ao meu corpo escanzelado não fosse permitida a ausência do espaço a que, sem ter consciência do poder da música residencial, me acomodara, ousaria então a escapatória restante e final: montaria o cavalo selvagem da imaginação, sulcando a galope por entre vagas doutrinárias e sereias compreensivas. Quando a aspereza do ar, saturado de ameaças e alegrias, me fizesse tombar do equino, seguiria, então, o novo caminho. Nada do que vira antes me rodeava os passos. O espanto comovia-me e chorava. Ria, até. As bermas flamejantes do sonho que empreendera conduziam-me eufórico, ataráxico e vazio, bebendo tudo o que de belo a pradaria sem fim me oferecia. O que em mim olhava os passos de antanho, contemplando os dias sombrios da eternidade acumulada nos ossos dos transeuntes, apenas observava o pássaro doente na gaiola de fogo e sangue. A canção escapava-se no crepúsculo do entardecer e as asas da ave rocegavam o pântano fumegante. No desespero da dor, voltaria atrás. A liberdade amaldiçoou os meus dias e juntei-me a quem das trevas poderia criar luz.

Um pássaro que finge poder voar no vento cansado!

 

Cativa, 21/2/2024   in, Espúria

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publicado às 17:29

Confortável crepúsculo

por vítor, em 11.07.23

 



Confortável crepúsculo que te introduz

Na noite velha. Gafanhotos de metal assomam-se por entre a chuva cansada

Que asperge as ostras renegadas, cidades condicionadas aos tempos rudes de antanho. O que a noite rege trará novas feitiçarias aos nossos olhos e rasgará cicatrizes de vinho nos calcanhares dos que calcam o chão consagrado. Assim renegamos o vírus que se desprende da pele e oraremos sem dor ao longo do caminho ensanguentado. Viagem ao corpo impróprio do anacoreta sem rosto, à superfície áspera da pele escamosa e queimada pelo tempo inclemente dos animais sem linguagem. Quando viramos a embarcação para Levante, os rios parecem desenhar deltas pantanosos na imaginação dos peixes. Navegamos, então, com o vento pela proa, os cabelos soltos enredados no mastro que se ergue do cavername, a vontade de enfrentar o mar imenso. A vontade de erguer os braços ao teu encontro. O cobalto que tinge as águas inquietas é um convite à nossa cumplicidade letal, a possibilidade de continuarmos juntos através das marés inúteis revela a profundidade do oceano emético do amor. Continua com as mãos rente à face das ostras vagabundas repetindo os sinais que ocorrem no final da tarde adormecida. Ninguém sabe como se chamava o silêncio ardente que flutuava na planície do aquário. Ninguém é capaz de criar uma imagem do passado quando caminha para trás: é do futuro que as rosas cobardes enleiam as pessoas inertes. É do futuro que as tempestades arrancam as memórias travestidas de verdade. A ti quero enraivecido de desejo.

Não podemos esquecer os tormentos da caminhada que iniciámos juntos: a dor de desistir conduz-nos ao vazio das horas inacabadas, da impossibilidade hiante das criaturas insanas. Nunca seremos o que nunca fomos quando se vê ao longe a intensa claridade da morte.



14.6.23

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publicado às 17:59

O cabelo de Bowie

por vítor, em 09.06.23

O cabelo cai-me pelo peito,



Bowie soa no spotify do telemóvel. Angel or devil

I don`t care. Como já acontece

anos, és tu que danças à minha volta com pentes

E tesouras enquanto cortas o meu longo cabelo.

Estamos no meio do pomar de laranjeiras, as moscas

Pousam-me no peito desnudo, chatas, o Sol torra

E eu em cuecas sentado numa cadeira branca.

Quando me penteias com as mãos abertas e me acaricias

O couro cabeludo, sinto-me a flutuar com os pássaros

Que visitam as laranjeiras. Corta, corta, corta e o cabelo cai

Até ao chão rodopiando na terra escura. Angel or devil

I don`t care, o Sol escalda! Curto? Sim que o verão é quente.

Corta, corta, corta e penteia: com o pente de osso e as mãos em pente.

As moscas pousam na pele e enxoto-as. O cabelo rebola em madeixas

Pelo corpo até ao chão. Rodopia ao vento entre as árvores cansadas.

Quando, os que dançam na tarde, consideram a obra razoável,

Retiro a toalha dos ombros e sacudo-a. Várias vezes. Sacudo o corpo.

O cabelo atinge o solo como cortina em contraluz.

Enquanto recolhes os apetrechos, apanho o cabelo do chão

E levo-o para o caixote do lixo. Uma parte de mim é lixo!

Angel or devil I don`t care.



Monte Gordo 21/6/22

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publicado às 14:18

estranha luz

por vítor, em 09.05.23
Há uma certa e estranha luz que incide nos corpos nos finais do inverno e impõe neles uma dor antiga, vinda do fim dos tempos, que ninguém consegue explicar. Depois, quando os dias crescem e as noites deixam de assustar os pássaros, e as flores rebentam as cápsulas prenhes, soltam-se as vestes e os jovens riem sem conhecer o porvir. Nessa nova claridade dos dias maiores, os velhos viajam como se o passado fosse uma terra prometida.

As sombras não calam as vozes que iluminam as vidas de quem amanhece todos os dias. É um engano meu amigo. A aurora é um resgate impossível do nada. Dançamos como pedras antigas. Somos o rodopio do vento burilando o tempo.

Tavira, 2 de fevereiro de 2023

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publicado às 01:08

Cantando o vazio dos dias

por vítor, em 09.05.23

Queria cantar eventos grandes, dignos de um aedo, mas na minha vida tudo o



que tem acontecido tem sido normal e indistinto. Os meus cavalos mastigam romãs enquanto viajo por pensamentos ignóbeis. Quando vejo o futuro vir ao meu encontro, reparo nos dias inúteis que me esperam. São todos dias sem memória e que se não fossem vividos nada acrescentariam à triste vida que prossigo. Se fosse um homem habilidoso, poderia editar o futuro e transformá-lo a meu favor. Os meus cavalos gostam de romãs. E ouço-os ruminar a carne granulada, sorrindo ao tempo que passa. Se parasse agora, diria que a minha vida não teria valido a pena, mas isso só o sei agora. Não poderia agir sobre nada, como não se pode editar o que vai acontecer sem o conhecer. Agora, que encaro o futuro como se fosse o presente exposto num ecrã à minha frente, posso acreditar na sua manipulação, na possível mutação dos dias inúteis. Poderia, até, tornar muitos dias em dias interessantes e memoráveis. Dias sem história que se pudesse contar aos amigos depois de os ter vivido. Com gargalhadas de gente solitária e ensimesmada. Gente feliz com futuros radiosos resvalando para abismos perplexos. Multidões ululantes construindo felicidade à medida, para todos. Dias repletos de eventos excecionais. Momentos de alegria e paz, de ódio e iniquidade, como são todos os que ficam na consciência coletiva da humanidade. O meu futuro será o meu passado. Continuarei, com a tristeza dos dias comuns, a criar cavalos. As romãs que os equinos devoram livrar-me-ão da insuportável imortalidade.



26.02.2023

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publicado às 01:03

Fede o chapéu do ortónimo

por vítor, em 09.05.23

 



Viste o que o que a sua voz trouxe

de novo à questão do mundo? Ainda nem tinham passado as dores de cabeça ao senhor Pessoa quando o sinal vermelho caiu. Os pássaros atravessaram a rua e cagaram no chapéu do ortónimo. Voaram para bem longe: o plumitivo não era para brincadeiras e transportava uma pandilha de gente doida na cabeça. Não podemos esquecer a situação dos entes estranhos que dançam de mansinho no pudor da solidão sangrenta. O caminho é um casamento entre o sonho e a morte: nunca das veredas da dor se escapuliu um defunto que atravessasse os olhos do devir. A manada que prossegue, gemendo, a caminho do matadouro. Não esperem clemência da dor. Do esplendor da realidade. Não podemos ser obrigados a dançar as valsas da demente orquestra. Da ritualidade sinistra dos maestros assassinos, oráculo onde os cavalos esquálidos enfrentam as náuseas tormentosas dos cemitérios.

- Quem rege os pássaros que espreitam no fim da estrada de sangue? Que singularidade é a tua que te arrasta no alcatrão cansado à procura de luz?

O Poeta não nasceu nem cresceu. Não sabe o que o dia de amanhã trará! Finge de mim e não me concede vontade para nada. Dançamos como pedras antigas, metamorfizadas, rangendo nas noites antigas. Somos o rodopio do vento burilando o tempo. Se não olhares, nunca verás o Poeta desaparecendo na esquina da vida: das vidas múltiplas sem regresso. O chapéu fedendo a podridão alada.



Cativa

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publicado às 00:43

Escrever é...

por vítor, em 15.03.23
Escrever é…
Escrever é dor de parto sem grito.
Escrever seria romper a sombra, se a espessura desta o permitisse.
- Enviaste
(…)1
Escrever é este ardor de lâmina que sentimos quando se apaga a memória.
- Enviaste
Escrever é desistir a meio do caminho.
- Enviaste
Calo-me já.
- Enviaste
(…)2
Qual delas?
(…)3
É que tenho muitas vozes. Só isso.
- Enviaste
(…)4
Notas:
1 – Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
2 - Deixa ouvir a tua voz 😃
Obrigado
3 - A voz?
Desculpa, não percebi.
4 - Eu sei!
😎
Faro/Tavira, 6-12-2022

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publicado às 16:02

Saberão os loucos que estão loucos?

por vítor, em 15.03.23
É comum pensar-se de que quando não se gosta de um coisa, ela não presta. Vou ali e já venho. Se não voltar é porque não tenho tempo para o anunciar. O capitalismo levará à destruição da humanidade. Ao fim do mundo. Quando eu voltar, talvez nem seja precisa a revolução.

Ora aí está a grande questão. A questão!: saberão os loucos que estão loucos? Como todas as perguntas fundamentais, não tem respostas.

A criação deveria ser como os sonhos: algo elaborado por nós, cozinhado dentro de nós, carregado de passado, de presente e, até, de futuro, novo, único, incontrolável e fugidio, assustador e nevoento.

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publicado às 15:53

Os dias prosseguem outros dias

por vítor, em 15.03.23

 



No café, quis pedir um rissol, mas como não me lembrava do nome do raio do frito, acabei por pedir apenas uma cerveja. Não era que não pudesse levantar-me e apontar o rissol, que raio de nome para uma coisa que se parece é com uma lua, mas não me apeteceu. O empregado deveria achar, toda a gente acha sempre alguma coisa, e raramente acerta no que acha, as ações têm sempre tantas interpretações que nem o ator sabe, muitas vezes, o que o levou a fazer aquilo que acabou de fazer , que estava com alzheimer. Quem faz, fez, e, ele próprio, acha que o fez por alguma razão qualquer que se se for bem a ver não tinha nenhuma razão para fazer.

Quando deixei o café, deitei os olhos a uma banca de rua que me pareceu de livros. Livros e ferramentas para a agricultura chamam-me sempre a atenção. Mal tinha posto os referidos olhos no tampo da mesa, um sujeito, o dono do estendal, perguntou-me se queria assinar um requerimento seu para ser candidato à presidência da República. Disse-lhe logo que sim. Lá estão as tais ações irracionais. Curiosamente, o homem não pertencia a partido nenhum. Lá assinei os papéis todos, e ainda tive que ir à carteira, para preencher a data de validade do cartão de cidadão. Já ia ao fundo da rua, quando, de repente, voltei para trás a perguntar ao candidato ao mais alto cargo da nação como se chamava. O mais provável é o homem não ganhar as eleições. Se calhar nem consegue as assinaturas necessárias para tal desiderato. Mas nunca se sabe. O investimento não foi muito grande e os ganhos poderiam ser consideráveis. Afinal, a razão ainda tem a sua importância.

Ainda não me tinha bem libertado da condição de homem cívico, cidadão interventivo na vida democrática do seu país, e já estava metido noutra. Quando passava, fugazmente, e por mero acaso, em frente ao Hospital Central, um homem com mau aspeto, numa cadeira de rodas, chamou-me. Eras, logo, de cerneira, tratamento por tu, capaz de me empurrar até ao quiosque da rotunda para comprar tabaco. Ainda não tivera tempo para responder, e já íamos a caminho da rotunda, que ficava ao fundo da rua, a uns 500 metros do hospital. Conduzir uma cadeira de rodas na cidade não é pera doce. Obstáculos de toda a ordem vão surgindo, e, às vezes, de onde menos se espera. Passeios altos sem rampa, carros e trotinetas em cima dos passeios, até os transeuntes parecem querer dificultar a progressão de quem se desloca numa cadeira de rodas. Talvez pelo aspeto do passageiro. E, que a verdade tem que ser dita, do condutor. Os dois com uma barba bíblica. Embora este último, no caso, eu, relativamente bem vestido e bem nutrido, o primeiro, o prominente transportado, mal vestido, e, manifestamente, mal alimentado. As rugas da parte da face visível eram canyons profundos desaparecendo na farta pilosidade. Muitas pessoas que nos encontravam saudavam o indigente. À distância. À volta, quando o empurrava até à porta do hospital, onde estava internado, e donde se tinha escapado, sem autorização, para ir comprar tabaco, contou-me que era muito conhecido em S. Brás e Faro. Por bandidagem e ladroagem. Já tinha trocado balas com a polícia, mostrou-me as cicatrizes na barriga das que lhe tinham acertado, e passado uns anos na cadeia. Quando o deixei no local pretendido, ainda me pediu cinco euros. Menti-lhe, respondendo que não tinha. Não levou a mal. Despedimo-nos combinando encontrarmo-nos em S. Brás num dia qualquer.

Como já era tarde regressei a casa de táxi, gastando os dez euros que tinha na carteira. Se tivesse sido generoso, teria regressado a pé. As mentiras, às vezes, dão um jeito do caraças.



11.1.2023

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publicado às 15:49


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