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Olhaste sempre para o lado
não ousando ver a luminosidade
que se desprende do caminho,
inventando a gestão do futuro,
corrompendo a perplexa realidade.
A memória difusa naufraga
nas traseiras da tua casa,
na árvore enraizada do quintal.
Vês as galinhas-da-cor-do-gato
alimentando-se de vermes da estrumeira?
Utiliza-as para viajares no tempo
feliz das paisagens encantadas,
no princípio fracturante e inatingível,
mergulhando as mãos na merda-fresca-da-cor-do-gato.
Para compreenderes a utilidade da podridão
reboca o teu olhar até à inscrição escravizante
dos tempos primordiais
que espreitam por debaixo do entulho
onde o medo cresceu.
Não mudes,
o passado tem o tamanho do futuro
e a vida é um efémero lampejo de nudez
na anárquica deriva da esfera celeste,
na ausência dolorosa de lucidez.
A tua visão lateral é um sopro
nas velas da caotização do cosmos.
PS: Qual é a cor do gato?
VRSA, 10/9/08
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