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Antigamente, até um antigamente pouco distante, as forças progessistas puxavam a carroça pelos varais, fazendo-a avançar, sempre com dificuldade, e, com alguns recuos circunstanciais, em frente, encosta acima. Nos nossos tempos, os tempos de hoje são "o nosso tempo" de todos os vivos, mudaram-se, atabalhoadamente, para a ré, metendo ombros à viatura de forma a que esta não resvale e inverta a sua marcha ladeira abaixo. De motores do desenvolvimento e do progresso, seja lá o que isso for, e que os números, cientificamente comprovados, demonstram, a paraquedas de sociedades em auto desestruturação.
O filósofo e poeta Luís Serguilha falando-nos dos tempos de hoje e dos tempos dos tempos.
Setembro é um mês terrível. Recomeça o trabalhinho que permite obter as coisas para o dia-a-dia, inicia-se a campanha da alfarroba. O preço cada vez baixa mais ( o ano passado a arroba era a 4.80 €, este ano é a quatro) e a paciência cada vez é menor. Como já vos disse é um trabalho bom para filosofar, para o encontro connosco e com a "natureza". Mas passar horas a varejar, a apanhar e a transportar as sacas para o armazém é um exercicio de filosofia zen que me começa a pesar. Este ano, ando na campanha com o meu filho mais velho. É uma epécie de represália pelo seu primeiro ano de faculdade desastroso. Coitado, doi-lhe tudo e arranja todas as desculpas possíveis e imagináveis para se cortar.
Para o ano tenho que arranjar alguém que me faça o trabalhinho. Como?, não sei ainda bem, mas alguma coisa se há-de conseguir. O que me consola é que o trabalho na terra funciona como a frequência do ginásio. Já começo a ficar com um cabedal de fazer inveja aos cinquentões, e às cinquentonas, cá da terra...
Ainda por cima, o trabalho/trabalho, este ano, tem a novidade de se iniciar com os tais de mega-agrupamentos e tem sido uma mega confusão. Mas não há-de ser nada.
Temos portanto uns dias em cheio: de manhã e parte da tarde, mega trabalho com novas caras, novos espaços, novos procedimentos, novas manias e novas confusões; ao fim do dia, alfarroba e mais alfarroba; à noite, aniversários de amigos, amigos que chegam e que partem (copos e tabaco em excesso), filhote mais novo que sai com os amigos, etc,etc,etc. Tem sido duro. Amanhã, tudo recomeça.
O que me consola é que, depois de um Verão extremamente longo e quente, vem aí a chuva e o frio...
Filosofando na Quinta da Cativa. Utilizando o velho método árabe da regueira e da caldeira (bem visíveis no pátio da Mesquita de Córdoba, só que aqui fixos) cá vamos passando as horas. Aqui há uns poucos anos, os filhotes acompanhavam a rega de rojo eufóricos. Corridas de barcos, nos graciosos "rios", e água no Verão eram atrativos incontornáveis. Agora, nem por lá aparecem para dar uma mirada. Perde o pai, ganha a filosofia...
a caldeira, já cheia;
"rios";
um pequeno pomar biológico;
a amiga (não das mãos) neolítica;
amiga à sombra: para fumar um cigarrito e assentar sofias.
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