Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


A Europa a odiar-se a si própria

por vítor, em 01.04.25

Os africanos adoram a sua África, os sul-americanos adoram a sua pertença a uma área cultural feita de sangue e dor, os asiáticos, nas suas alteridades diversas, amam as suas culturas, até os norte americanos se orgulham dos seus jovens países. Na Europa, os europeus odeiam a sua cultura e forma de vida. É claro que a sua história foi edificada sobre escombros de genocídios, massacres religiosos e guerras constantes e brutais. As nações europeias são construções assentes no sangue e nos corpos destroçados. Foi na Europa que eclodiram as mais brutais e mortíferas guerras levadas a cabo pelos seres humanos. Não foi ontem: foi hoje de madrugada. Talvez por isso tivesse sido na Europa que se experimentou a mais revolucionária das experiências sociais e políticas a que a humanidade assistiu: a União Europeia! Pela primeira vez na curta história da humanidade, países, podiam ser clãs, tribos, etnias, nações, abdicaram voluntariamente de parte da sua soberania para que esta seja gerida em conjunto. E pluribus unum. A aventura tem sido positiva: nunca mais os velhos inimigos se guerrearam desde então. Mas o sangue da pátria, a prostituta que tudo devora, continuou a ferver baixinho, uma chama que arde sem se ver, e, agora que as condições são propícias, a borbulhar alto. Cada vez mais tormentosa e a entornar o cozido urdido e tecido com os voláteis ingredientes do chão sagrado. Não vai acabar bem! E, voltando ao princípio, volta-se sempre ao início da aventura para melhor a corromper e destoçar, o ódio que os europeus votam à sua Europa vai levar à sua destruição e morte. Para sempre! As águas dos rios, como as da História, não passam duas vezes pelo mesmo lugar. E, no entanto, não há, como na Europa, lugar onde se viva melhor, onde se tenha mais liberdade e melhores condições sociais, culturais e financeiras. Sim, podem dar as voltas que quiserem ao mundo, à história, que não encontram. Eu, como as crianças, gosto muito da Europa.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:21

Um Grito de Mercenário

por vítor, em 20.02.09

 

Um grito de mercenário. Juro que o imbecil se junta nas herdades desertas da multidão.

Viajo até a solidão se dissipar no atrito do desespero. Aí celebro a infância desmembrada, de amor. Desta vez o sonhar é uma sensação demasiado real para causar dor, demasiado rude para convidar ao reflexo comum do prazer.

Na estrada há um barco angustiado ( talvez  bêbado, como disse o outro ). Centenas de pirilampos jazem nos cadáveres sem apodrecer. A ti envio os meus dedos vestidos de arlequins esverdeados. Não és um desafio porque sabes demais das incertezas do infinito.

Um ser embriagado deu à costa. Bebeu o mar e caiu na calçada, calada, por onde namoriscavam peixes vestidos ao contrário. Ainda vi que eras uma alforreca desmaiada.

Vi- te passar perto de um ser que parecia engolir os destinos. Nem as promessas do homem mentiroso seriam tão vãs. Ele era um deus razoavelmente desprovido de sentimentos sociais.

A mentira é tudo, sendo nada é fogo ateado à imaginação para consumo dos vizinhos. Sem a mentira há medo. A suavidade é a possibilidade de construir o passado em liberdade e acabar de vez com o futuro.

Vais comover o farol das trevas! Entrega-te patrão das sereias iluminadas!

A Europa é um paraíso de opressão.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:49

Referendo e populismo

por vítor, em 21.10.07

Este é um blogue de esquerda. Todos os que por aqui passam o sabem. No entanto vou desiludir muitos com este post .

 

Sou contra referendos. Ou melhor, acho que referendar algo só em casos verdadeiramente excepcionais e mesmo assim com reticências. Tipo:

Concorda com a integração de Portugal em Espanha, passando a constituir uma das suas regiões autónomas?

Ou, Concorda com a reintrodução da pena de Morte em Portugal?

Ou ainda, Concorda com a restauração da monarquia em Portugal?

 

Como estas questões seriam sempre raras, estapafúrdias  e excepcionais, sou, em regra, reafirmo, contra referendos.

 

Acredito na democracia, confio na representatividade dos eleitos para decidir e aceito a vontade da maioria dos representantes na Assembleia da República.

 

Em tempos de populismo e de desconfiança em relação aos eleitos e aos políticos em geral, penso que ainda é mais pertinente a negação do poder dos referendos. E os políticos são como os outros profissionais. Há bons, maus e assim-assim. Ainda por cima têm que ter uma cachola que poucos possuem e aguentar com todo o tipo de enxovalho sem poder, quase, responder. Alguém imaginaria um ministro a chamar mentirosos e corruptos a sindicalistas?  Os políticos têm de mentir algumas vezes e outras de ocultar as suas verdadeiras vontades. E isso é próprio do seu difícil ofício. Quem ganharia eleições se dissesse que ia congelar salários, aumentar impostos ou fazer outras malvadezas do género? E que poderia um ministro responder a um jornalista perante uma pergunta do género: É verdade que Bin Laden introduziu no país operacionais da Al- Qaeda e se prepara um violento ataque terrorista? Claro que iria dizer que não era verdade, que o país estava perfeitamente calmo e em segurança e que a polícia controla qualquer actividade que ponha em causa a segurança dos cidadãos. Mesmo sabendo que era mentira e que o risco de atentado era elevado. Outra resposta poderia dificultar os trabalhos das polícias e levar o pânico às populações.

 

Voltando aos referendos. Estes são uma verdadeira arma nas mãos de políticos populistas. Estou até convencido que num referendo sobre a pena de morte se correria o sério risco de ver ganhar a hipótese da sua reintrodução.

 

Vem tudo isto a propósito de referendar ou não o tal de Tratado Reformador (seja ele constitucional ou não). Sou profundamente contra. Compreendo perfeitamente os argumentos (cínicos ) do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Num referendo iriam capitalizar os votos contra, que seriam sobretudo votos contra a situação económica, as medidas anti-sociais do governo e o medo da perda de soberania nacional. Com os partidos de centro-direita apostados na aceitação do tratado, era só facturar. Esta última ( a questão da soberania e da independência nacional)que constitui um logro obeso e facilmente desmontável. Quanto mais integração maior é a força de um pequeno país como é o caso de Portugal. Na comunidade podemos fazer ouvir a nossa voz e influenciar o nosso destino, aqui e no mundo. Sós, ninguém nos ligaria. Foi sempre assim. A nossa independência e a nossa soberania foram bem sentidas aquando do Ultimato inglês, em 1890, ou perante a invasão dos territórios de Goa; Damão e Diu. Inversamente, foi o peso da União europeia que nos ajudou a impor os nossos interesses na questão de Timor.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 00:54

Anjos e Demónios

por vítor, em 15.08.07


O melhor do mundo são as crianças, como dizia Pessoa.

Quando chegam a grandinhos é que as coisas se complicam...



Ser ou não ser eis a questão...

filhas  da puta ou não!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:14

Feliz Aniversário Europa

por vítor, em 25.03.07
O "doente incurável" de Nietzsche, faz 50 anos. Vinda da Fenícia nos robustos braços de Zeus, caminha outra vez para oriente. À doença crónica juntar-se-á  a esquizofrenia dos Balcãs e o reflexo em negativo da Anatólia. Aguentará o doente o choque civilizacional? A entropia murmurante borbulhando nos interstícios intranacionais e os colossos político-étnicos exteriores, actuarão como titãs esmagando a frágil coesão?

A guerra é uma constante humana no espaço e no tempo. A Europa extinguiu a guerra no seu seio e uniu inimigos de sempre. É esta, a guerra, a hidra preocupante e ameaçadora. A Paz, ao contrário do que se pensa ,  torna-nos desumanos e a nossa formatação ancestral faz  troar os tambores quando ela  se acomoda aos homens como se sempre, estes , a tivessem vivido e  a guerra não fosse mais do que um distante filme descolorido e estranho. Hoje, no meio das mais rocambolescas guerras virtuais e electrónicas os tambores tornaram-se silenciosos. A guerra já não entoa cânticos tribais, não suja o chão pátrio,  nem usa o folclore do sangue. É límpida como a água, calma como a brisa e avança como metástases na corrente vital. Como na caverna de Platão, a realidade não passa de um conjunto de sombras que nos dão a ver e a conhecer. A liberdade torna-se, assim, inalcançável . Incompreensível e manobrável. As sombras serão condição para a felicidade. Ama as sombras e serás feliz. A sombra não deixa distinguir os traços que dão contornos à liberdade.

Se a Europa durar mais 50 anos, o mundo poderá rasgar as trevas e trazer um pouco de luz ao homem e à natureza. O Mundo será um pouco melhor e o choque de civilizações poderá não passar de um sonho mau do início do século XXI.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 23:23


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Posts mais comentados


Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2006
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D