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fronteira do desejo

por vítor, em 20.10.09

 

Da penumbra do corpo

solta-se um aroma rosáceo

que me envolve os dedos tontos

sussurrando ventos na pele arrepiada

 

Quem não entende as cicatrizes do tempo

passará a fronteira do desejo

resvalando nos socalcos palpitantes

da carne em sangue rumorejando

nas inconfidências do silêncio.

 

As palavras não produzem os efeitos

que projecto nas consciências obliteradas

jazendo em muros

sentadas na planície incompleta

as palavras só rastejam quando a noite

bordeja os caminhos repletos de obstáculos

insaciáveis

onde a chuva de Outono se esvai por entre o sexo

que nunca percorre os meandros

da podridão aconchegante.

 

Agora o nunca torna-se no sonho

utópico da viagem

acorrentando as pernas dos desconhecidos

que se amam

nas grades frias do paradoxo

animalesco dos genitais.

 

Não posso sentir a volúpia da tua intranquilidade

prostrada nos dias sem luz

na ausência que afunda o frágil

fluir da viciante entrega

ao outro.

Não posso dizer o que não existe no mundo

das palavras frouxas e malditas

sons sem espelho onde a vida se esconde e reflecte.

 

 (Monte Gordo, 20/10/2009)

 

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publicado às 23:12

uma distância entre afectos

por vítor, em 14.04.09

 

Era uma distância entre afectos que impressionava as sombrias dúvidas do seu cabelo,
o rastejar das mãos que rasgam o oculto das palavras.Era assim que os tempos se anunciavam como presentes em carne viva anunciando a revolução dos espezinhados,
o estertor dramático das lâminas rutilantes.

Era a impossível maresia ensimesmada, a emergente lama da eroticidade caduca camuflada no onanismo predador da televisão, convocando a caminhada processional e néscia para a travessia da paisagem sem figurantes.

Quando o tempo se estatelar na frieza dos olhares a viagem será percorrida na planície incompleta a loucura ostentará a simbologia das tempestades e os inquietos e famintos aprendizes do nada navegarão sem rumo à procura das metáforas carentes da liberdade.

Repleta de moribundos cairá a noite…

 

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publicado às 19:32


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