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Sou um leitor quase fanático de José Saramago, mas não concordo muitas vezes com o que o homem diz. Penso mesmo que A Paixão Segundo Jesus Cristo é um dos mais belos textos sobre religião (religioso?) alguma vez já escritos.
Eu que sou um cristão ateu gosto muito de ler a Bíblia. Tanto como gosto de ler os livros de Saramago. No entanto não posso ficar indiferente à vaga de fundo contra a liberdade de expressão que as suas palavras, livres e legítimas, fizeram varrer a nossa terrinha.
O sr.Mário David (nunca tinha ouvido falar em tal pessoa, defeito meu certamente) também tem direito à livre expressão e à palermice sem limites. No entanto, como político que é, sabe como pode condicionar a liberdade de expressão. Penso mesmo que esta atitude do deputado europeu é o maior atentado à liberdade de expressão em Portugal, nos últimos tempos.
Felizmente, como diz o nosso povo ( recitando o camarada Jerónimo), vozes de burro não chegam ao céu...
Hoje apetece-me sair de meia branca, camisa aberta mostrando os pelos do peito e lamber a faca ao jantar. Depois de uma semana de imersão cultural, quatro dias seguidos de noitadas artísticas, fiquei cansado. Cansado de artistas.
A censura está em toda a parte. As estratégias de captura do ascensor social, subtis e indeléveis, impregnam toda a esponja tribal.É uma tortura silenciosa que arrasa os mais frágeis, os que não têm resposta a esta violência opressora que consome a energia do outro enquanto outro.
Os ritos desconstrutivos são tanto mais eficazes quanto mais forem apontados à hipocrisia dominante. A liberdade é um espaço sem escala cultural. O veículo que nos transporta ondula nas descontinuidades mentais dos que a amam e respeitam. Os que leva sempre traz.
Regressado ao ermitério da Cativa, descansarei até não mais...
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