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Esta é a tua nova casa
Uma casa onde não conheces ninguém
E onde te podem receber como um intruso.
Entra como se a confusão que transportas
Não te curve o peito
Mas não mintas, não te finjas sereno
Os que habitam a casa
E os que, como tu, a irão habitar, serão implacáveis
Com as similitudes da falsidade
Transpõe a porta e aceita o que te vai envolver
Não sonhes alto, não vaciles nem cedas perante o medo.
O impossível é um conjunto de pensamentos
Que se apoderam de ti, que te atiram contra as paredes caiadas
Do frio que consome as criaturas sem destino.
Não pareças um indivíduo sem raízes,
Puxa-as para dentro de casa sabendo sempre que restarão
Filamentos que se agarram às terras, aos caminhos,
Onde já foste o que não és.
Ninguém cabe totalmente num espaço edificado por outros
Nem nas amizades por construir.
O que te interessa é o colocar das pernas no perímetro futuro,
Arrastar os passos sem considerações pré-concebidas,
As pernas arrastar-te-ão no sentido do inacabado
Na irresistível corrente de lama que respira na noite.
Agora a tua viagem será no interior das paredes sólidas da solidão.
Vai e nunca refiras que é a tua primeira casa.
Vila Real 1/9/10
Monte Gordo 14/9/10
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