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À carne inimputável acrescento o pavor
que a poeira confunde nas respostas
assexuadas da dor.
Não respondo pela loucura que se liberta
do desejo intruso rastejando na pele inflamada e cruel
nas imagens que projeto no vento irascível
deriva que alberga e peia as máscaras reclusas.
O ruído ondula na praia, no mar que se recusa a controlar
a memória convulsa, reverberação carnal que inverte o desejo
e esmaga o conforto do regresso aos ditames
primordiais, inertes angustiados gemendo nos lábios cerrados
rompendo a humidade do sexo, garantindo a imputabilidade
do homem que acordou do sonho antigo
provocação da vida intermitente.
Partilho o projeto de segredo onde a nudez
da narrativa resgata a aura paralela do vazio
eterno da criação
frase de ontem ao encontro da noite, procura da pedra
emersa na pradaria apocalíptica
futuro próximo da visão armadilhada.
A carnificina a que me proponho assistir
arrastará as almas até ao êxodo final, descobertas, restarão
pasto dos abutres do espírito ensanguentado.
(Monte Gordo () 2/11/2010)
Na noite das facas longas todas as palavras serão lançadas. Enquanto as lâminas rasgarem as carnes palpitantes a hipocrisia dará lugar à verdade plana e dolorosa. As palavras doerão mais que as punhaladas raivosas...
Luís Feito Lopez
Na carne enxuta
um cravo rasga a sedimentação brutal dos sentimentos
revolve as águas na aluvião do desejo amovível
Das prepotentes palavras
esquecidas
dos odores intensos da lama
desordenada
da gangrena, dos solavancos da carne,
pingam líquidos que constroem
estalagmites de medo
petrificam os perplexos louvores da memória
o tumor que envolve
amnioticamente a maresia
tornou-se o corpo são onde chapinham as ilusões
incompletas,
sóbrias e descalças
Um corpo entumescido
de vibrações inertes que borbulham
ao encontro da eternidade
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