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Já não era sábado, mas também ainda não era domingo. A hora mudara agora mesmo, como sempre acontece quando a estação das carraças se inicia.
Isto perturbava o camaleão acinzentado como noite incompleta:não as carraças, que não lhe interessavam para nada, não lhes apreciava o sabor acre, nem a crocante quitina, e não tinha problemas com a sua agressividade doentia. E a amabilidade era-lhes, aliás, correspondida: não as atraía o sangue frio e a pele viscosa.
O que o preocupava, realmente, era a imprecisão do tempo. Se a noite avançava como sempre. Se a liquidez do devir se transmutasse na ciclicidade prescrita. Se a noite, inexorável, regia o sono merecido dos que, como ele, usavam os dias para manter os corpos e garantir o futuro.
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