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Foi preciso esperar pelo ano de 1980 para ultrapassar pela primeira vez a linha do Douro. Naqueles distantes anos as viagens não eram tão fáceis e para um algarvio da aldeia o Porto era bem longe. O convite para a viagem foi da minha querida amiga Henriqueta e a estadia em sua casa, na avenida que risca a cidade de Gaia, ao lado da Câmara Municipal e em frente do , também mítico,Café Símbolo. Quando, descendo a longa avenida da República em Gaia, avistei a "cascata sanjoanina", foi paixão para a vida. Esse dia longínquo foi de emoções fortes e inesquecíveis: feira de Vandoma, Ribeira, travessia a pé da ponte D. Luís (fosga-se),Piolho e Majestic. O primeiro simbalino, a primeira francesinha ( gastronomicamente falando, é claro), o primeiro verde tinto. A minha estadia no Porto e em Gaia foi ainda mais épica porque um grande amigo, que aqui às vezes mete o guedelho, também se associou à viagem. Mas como só verdadeiramente se babava quando passávamos lá para o lado das Auntas, vai ficar de fora da história, que é para aprender.O Porto passou a ser uma das cidades do meu coração. Passei a frequentá-la assiduamente e, vejam lá que, morando quase sempre no meu inseparável Algarve, os meus filhos são naturais de ... Vila Nova de Famalicão, nas barbas da Invicta.
Vem esta converseta toda a propósito dos cem anos do Café Piolho, aliás Café Âncora D`Ouro. Sempre que vou ao Porto, procuro lá ir tomar um simbalino. Também o fazia ao Majestic mas está plastificado e para o inglês ver e os preços upa, upa. O Piolho é lindo, tem uma esplanada fantástica, uma envolvência urbana deslumbrante e a fauna que por lá para e passa é do melhor Fellini que se pode apanhar.
Faço votos para que se mantenha assim por muitos e bons anos e que nunca acabe por morrer às mãos duns negociantes de hamburguers ou de créditos e débitos.
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