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Ontem, enquanto lia o jornal na esplanada do Casal, em Vila Nova de Famalicão, os olhos brilharam-me, subitamente, na sombra centenária dos plátanos. Uma fotografia de um querido amigo encimava a página 13 do jornal (a página 13 de uma sexta feira 13 - coincidências, meras coincidências), o sorriso foi-se abrindo, até quase à gargalhada suave: "O escritor, dramaturgo e antropólogo António Pocinho, autor de Elucidário Sexual, Pés frios dentro da Cabeça - (a gargalhada enrola nos lábios perplexos) - ou A Ilustre Máquina de Ramires, - ( a gargalhada rebenta na face como pára-quedista que estoura no chão com o pára- quedas por abrir, e acodem-me gritos que sacodem a memória e me arrastam num sofrimento indizível até aos confins da dor) - morreu quarta-feira, em Tomar, aos 52 anos..."
Na terra dos antepassados, que nos pré-existem e que nos sucederão, onde o principio e o fim, o nascimento e a morte, fecham o ciclo da cultura, apresentaremos o brutal teatro que nos envolveu a vida.
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