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na totalidade dos contrários 2010

por vítor, em 20.06.10

 

Rui Dias Simão à conversa com Fernando Esteves Pinto


1 – O surrealismo dá-te muito trabalho?

R: Sobretudo à segunda-feira (sorriso)... A escrita é, em mim, 
quando acontece, uma terapia lunissolar e estruturante; por
 isso, uma atitude 
de trabalho inicialmente se não vislumbra
 e evoca.


2 – A desestruturação mental é uma vantagem para um poeta se

sentir confortável num ambiente surreal?

R: Para já, antes pelo contrário... em boa hora, cada anzol,
 cada peixe; em suma, é preciso estar muito estruturado
para saber finalmente desestruturar.


3 – Imagina que dividimos uma garrafa em três partes

(o fundo da garrafa, o corpo da      garrafa e o gargalo),

as quais representam respectivamentetrês fases do dia

(a manhã, a tarde e a noite). Qual é a fase que te influência

mais no processo criativo?

R: Debaixo da Lua, sem (100) garrafas...


4 – Fala-me dos teus Animais da Cabeça.

R: É um livro que nasce de uns desenhos que fiz por volta 
do ano 2000, os quais estiveram longamente pousados
 sobre um sofá lá de casa, até que.
 

5 – O desenho e a pintura são o outro lado dos teus poemas.

Correspondem à clarificação mental do teu imaginário poético.

O que vês quando escreves poesia?

R: A mulher, a tal, nua, dentro dos translúcidos espelhos.


6 – Tens consciência de que a tua poesia marca uma atitude,

uma linguagem, que é no essencial a tua própria imagem e

comportamento perante a vida e os outros?

R: Tenho. Afinal, talvez não ...


7 – Que realidade entra nos teus poemas?

R: Neste livro ( os animais da cabeça), uma pseudo-realidade quase  
fora de si mesma.

 

8 – Há um diálogo implícito nos teus poemas. Que diálogo é esse e

com quem?

R: Só pode ser com o eventual leitor e a literal surdez do mundo.


9 – O teu último livro “Os Animais da Cabeça” é, quanto a

mim, um breve tratado psico-filosófico sobre o género humano.

É na desconfiguração do quotidiano que investes a tua racionalidade?

R: Parece utópico, mas existe de quando em vez na minha escrita uma  
certa irracionalidade a investir no quotidiano.


10 – Em quase todos os teus poemas verifica-se uma linha bem

definida de transição entre o sentimento pessimista da vida e o

sentimento cómico, risível da vida. Como te defines perante

a realidade?

R: Na totalidade dos contrários...

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publicado às 17:49

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publicado às 23:09

os animais da cabeça II

por vítor, em 06.12.08

 

 

(Percebendo quase tudo adjacente
a Mário de Sá-Carneiro)

 


O animal doméstico engorda
a cada passo de esfregona
assexuado como um carrossel
na cabeça
um pequeníssimo sol
mal respira
por muito que aponte
não há céu provável
no horizonte
O animal doméstico
é um pequeno homem
O animal doméstico
sou eu
E eu sou eu e sou o outro...
(imaginai o que não teria para aguar
o benfazejo Bivar no dia seguinte
à demorada proliferação de poetas)
Durante a genética moralidade
por vezes
a portugalidade dói

 

Rui Dias Simão

 

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publicado às 22:26


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