Eu andava por aqui quando as filmagens se realizaram. Talvez com 3 anos. Depois descobri o filme quando entrei na FCSH, na receção aos caloiros. Cravei logo o António (Loja Neves) do Cine Clube Universitário para o trazer a Tavira. Eu o Mário Rosário e o António organizámos uma mostra de cinema em Conceição e este filme foi o grande acontecimento do ano, a primeira vez que era apresentado na terra que o pariu. Com o saudoso Zé Martins atrás da máquina de projetar fizémos sessões contínuas do filme em Conceição e em Cabanas. Havia sempre alguém que aparecia para o ver e os cabanense e os conceiçanenses não se cansavam de o ver, uma vez e outra. Muita gente via os seus familiares e amigos que já não lhes faziam companhia. outros reviam, ou viam pela primeira vez, entes queridos que mal tinham conhecido ou nunca tinham visto. Foi uma loucura. Um acontecimento hierofânico inesquecível...
Infelizmente perdi o cartaz da mostra que eu e o Mário tínhamos feito para o evento. Tudo à mão que computadores era coisa que ainda não tinha chegado ao SuL...
Este filme extraordinário de António Campos está no Museu do Homem, em Paris, como património humano de qualidade estética e valor antropológico únicos.
Toda a Armação da Abóbora, que é vista neste filme, desapareceu com um forte temporal nos anos 60. Nada resta nos areais da ilha...