Sabemos mais hoje do que saberemos nos dias futuros e as nossas mãos só recordarão as dores do veneno crescendo do passado. Obscurecendo as memórias do tempo em que convidávamos os pássaros para nos contarem histórias de encantar: histórias mágicas do passado, claro.
Sabemos mais hoje sobre o esquecimento, mnemónicas arrancadas à morte, do que das vivas ribeiras irrigando a consciência, do que das jovens células implodindo as veias ocas que conduzem as cápsulas da informação divina: colapsos abismais rasgando o tecido da memória, da perceção do fim.
Se nos inclinássemos sobre a mesa onde os dados são atirados ao acaso, poderíamos rir e apodrecer – assim – felizes sem nunca violar o que a nossa própria identidade reflete.
O caminho é uma metáfora da inércia e dos sentidos, uma tentativa vã de explicar e destruir as barragens que impedem a infância de chegar até nós.
Sabemos mais antes do que depois. Do principio do que no remate de tudo. No fim e na morte não nos restará nada. Nem sequer um sonho numa noite fria.
Convidar pássaros para recriar a infância, seria a solução para te entenderes e poderes procurar-te até ao dia da criatura final. Inacabada e só. Os pássaros não aceitam convites de escritores e o fim fica longe de tudo. Mesmo da tua ignorância.