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Talvez a morte nos traga a paz.
Talvez o que parece calma e pousio
Seja apenas uma tempestade passageira
Não sentida pelos outros.
- Eu sou um cadáver abandonado e triste,
Poderia ser o que depois da vida
Traz severidade no trato e frigidez
ao desprezível que pode emergir da sabedoria.
- Não me abandonem, que sou triste e renuncio à catástrofe
Dos dias de antanho, sinto ainda a alma
Presa aos ganchos aguçados da carne,
Do corpo devoluto, o palpitar insuportável
Que se anuncia sem clamor. Levem-me a ver o mar,
A esquecer o olhar sem brilho, sem vida
Da horizontalidade sem fim. Não me abandonem
À cova do devir. Eu serei a vida que se transforma
E ilumina as trevas.
Monte Gordo, 18/1/2021 (segundo ano da peste)
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