Se soubéssemos entender os sinais do sofrimento das árvores, se lhe entendêssemos as dores, poderíamos também regressar sem receios às florestas da infância. Se os pássaros que as habitam alterassem o canto quando a dor lhes corroesse a seiva, e lhes esmagasse as folhas e os ramos, se o vento vergasse os seus pináculos como se os dias fossem diferentes doutros dias e o outono roubasse a roupagem de diversa e interna teatralidade, veríamos eternos, como a lava dos vulcões, o triste pulsar que releva do amor das criaturas e das viagens sem crepúsculo, rasga a crosta estéril do tempo.
Das figueiras só crescem folhas vastas para cobrir de sombra os figos.