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Por momentos o pânico varreu as chancelarias mundiais. Já não bastavam os terríveis dossiês do Iraque, do Irão, da Coreia do Norte, do Paquistão e da crónica confusão israelo-palestiniana e eis que o centro do turbilhão parece instalar-se em Portugal. Sua Santidade, o Dalai Lama, encontra-se em vias de reencarnar durante a sua visita à Câmara Municipal de Lisboa: Os dois extremos da Eurásia , China e Portugal estão prestes a entrar num conflito de proporções inimagináveis.
Mas voltemos um pouco atrás. Quando os governantes chineses souberam que na agenda do Sr. Tenzin Gyatso se encontava uma deslocação a Portugal, sorriram e ligaram ao presidente em exercício da União Europeia a relembrá-lo que recepções oficiais já se sabe como é de outras visitas, com outros protagonistas. Que não haveria alterações , foi a resposta. Este assunto é um desígnio nacional, reforçou. É só mais um probleminha , veio do extremo oriente. É que o dito cujo anda por aí a falar na reencarnação e isso colide com os nossos desígnios nacionais" (ih,ih ,ih , pareceu ouvir-se do outro lado do mundo, talvez problemas de comunicação decorrentes de tão longas ligações ). Nós já proibimos a sua transmigração para outro corpo no nosso país mas o descarado diz que isso não constitui problema porque, vivendo ele no estrangeiro, a proibição não o atinge, o ingénuo. Já fizemos algumas propostas irrecusáveis a certos países no sentido de impedir a reencarnação do indivíduo por essas bandas. Até agora só obtivemos respostas positivas que muito nos sensibilizaram e como tal a nossa amizade far-se-á sentir para com esses amigos distantes. A porta das nossas casas estará escancarada à sua visita. Gostaríamos de poder contar também com a vossa compreensão lembrando que os nossos povos mantêm uma relação de mais de 500 anos e que, com certeza, se manterá até ao fim dos tempos... Mas em absoluto, outra decisão não poderia ser tomada no âmbito de tão longa e intensa amizade que une os nosso países. Mandarei imediatamente o Magalhães exarar o decreto, obviamente secreto, a proibir a reencarnação de Su ... do Sr. Gyatso . Aliás darei ordens ao Magalhães que contemple qualquer tipo de reencarnação no nosso país. É uma honra poder falar com um amigo tão desinteressado e agradecer desde já a intervenção desse grande português e referência da humanidade esse navegador aventuroso que por cá passou (outra vez se pareceu ouvir, ih,ih , ih) o grande Magalhães . Não é es ... Não se incomode que por essas alturas a reencarnação não estava na ordem do dia e quem o quisesse fazer que o fizesse. Parece que o vosso Magalhães o fez sucessivamente e com sucesso. Adeus.
Escusado será dizer que o Magalhães não era o Magalhães mas sim o discreto, porém eficaz, secretário de Estado da Administração Interna. Tão eficaz que já tinha o decreto pronto ( o seu domínio do mundo cibernético fazia-o tratar por tu as agendas dos mais variados e destacados protagonistas da cena mundial) e só esperava a ordem do chefe para o carimbar e assim lhe dar validade. Só que a decreto secreto poucos têm acesso. Mesmo sabendo que em Portugal quanto mais secreto mais descoberto.
Regressemos à Câmara Municipal de Lisboa, onde é recebido o Dalai Lama com pompa e circunspecção pelo eufórico presidente e pelos entusiasmados vereadores Sá Fernandes e Helena Roseta. É certo que a cerimónia estava a ser manchada pela falta dos vereadores do Partido Comunista (também tinham recebido um telefonema de longe, de bem longe...) e do procedimento desinteressado do vereador Carmona.
Alguns dos presentes (diria mesmo muitos) conheciam o teor do secreto despacho do diligente Magalhães mas estavam descansados: quem iria escolher Portugal para a reencarnação do século. Outro palcos mais apetecidos se perfilavam para acolher tão mediático e significativo evento. Tudo calmo.
Eis que Sua Santidade, sem ninguém o poder adivinhar, se envolve numa espiral de empatia com António Costa. Uma torrente energética, um magnetismo poderoso e incontrolável envolve os dois. Uma auréola de santidade já envolve um apatetado presidente da edilidade e quando o Lama glorifica a voz do autarca muitos pensam que tudo está perdido. Telefones tocam em imponentes palácios pelo mundo fora. Malas com botões poderosos abrem-se em bunkers invioláveis. Sócrates; na Polónia , sua a bom suar enquanto explica o que se passa a dois apalermados gêmeos e tenta contactar o legislador fiel. Consegue finalmente. Vai a caminho do local onde uma luz poderosa envolve edifício camarário e pessoas que participam na cerimónia das cerimónias. Entra, qual bombeiro destemido, pela luz, sobe de um só fôlego as longas escadarias e entra, cego pelo clarão branco, no amplo salão nobre. Pestanejando empunha o decreto salvador e interpôe-no entre a Santidade que se esvai e a Santidade que insufla. A corrente quebra-se,a luz intensa esmorece e tudo volta ao que era antes de ter sido.
Ouve-se apenas a voz pausada da única Santidade presente, desejo-lhe os maiores êxitos nas próximas eleições . O Sr. Presidente tem uma voz fabulosa.
Magalhães retira-se com a sensação de dever cumprido, só isso. Na Polónia os gêmeos assentem finalmente na assinatura do Tratado Reformador. Sócrates retoma o ar distante e frio. Magalhães será feito comendador no próximo dia da nação. O Sr. Presidente de todos os portugueses não dorme em serviço.
Ele é já o homem mais procurado no país. O ilustre desconhecido benemérito do CDS/PP, Jacinto Leite Capelo Rego, não deu ainda sinal de si.
Dão-se alvíssaras por notícias suas.
Que o governo apresenta no seu elenco alguns dos maiores comediantes e enterteiners do momento, era sabido. Que Manuel Pinho, Mário Lino, Maria de Lurdes Rodrigues e mesmo Mariano Gago (este mais na vertente cabalística e alquimista do humor negro) são grandes no stand-up comedy em qualquer parte do mundo, era sobejamente conhecido e admirado. E ainda bem. Sempre divertem o povo e aliviam as dores que nos impingem com as suas políticas.
Agora, a propósito do espectáculo memorável dado por Mário Lino na Ordem dos Economistas, não percebi porque apareceu Paulo Portas a dizer, sem a subtileza flamejante das metáforas lineanas , que era inadmissível o que o ministro disse sobre a margem sul ( e agora, tentando ultrapassar o Zé Povinho em populismo, o enigma encriptado citado) " onde aliás é duro viver e duro trabalhar". Mais duro viver e trabalhar em Almada do que em Lisboa??!! Mais duro na Costa da Caparica, em Setúbal? Em Palmela? Em Sesimbra? Em Azeitão? Em Pegões? Em?Em?Em?... Mais duro que onde? Sintra? Cascais? Galinheiras? Oeiras? Moscavide? Loures? confesso que não entendi bem. Estava o ex-ministro a dizer que na margem sul é o deserto em termos de qualidade de vida? Que as pessoas da margem sul são mais débeis e que, portanto, têm mais dificuldade em viver e trabalhar? Que nestas paragens se vive uma situação de suburbanismo pior que as favelas brasileiras? Que na margem sul se vive uma situação de marginalidade terrífica?
Era bom que o PP esclarecesse estas questões levantadas pela sua afirmação. Ou então que pedisse desculpas aos normais cidadãos da Margem Sul, que trabalham como os outros e que revelam as dificuldades na vida de toda a gente. E que gostam de viver e trabalhar nas suas terras.
Como vos dizia ontem, coloquei pela primeira vez a etiqueta ( tag ) sexo sob um post e foi uma chuva de visitas e páginas vistas. Bem, no meu campeonato, diria mesmo aguaceiros fortes. Já tinha desconfiado que este tema dava relevo quando, por mero acaso, intitulei um post com o nome da nossa querida Sofia Aparício. Um título ingénuo e que não tinha nada (bem, quase nada) a ver com sexo . Foi com uma surpresa imensa que bati todos os meus recordes de audiências. Chegavam até ao cativa sedentos visitantes procurando por sofia nua, aparício como veio ao mundo, o sexo de sofia (este muito Gaardineriano ), os seios de sofia (ou, os novos seios de sofia ), sofia aparício no banho ou ainda a extravagante sofia aparício no meco .
Eu que adoro a sofia e que tenho raiva de tanta beleza num corpo só e que ainda por cima não sabe quem eu sou, temi o pior: os fãs quando reparassem que tinham sido enganados pela falta de coerência entre o título do referido post e o conteúdo ( gosto desta palavra tão acarinhada pelos novos tempos) podiam, e com alguma razão, vingar-se no, involuntariamente, vigarista. Ou seja, moi même ! O receio não tinha razão de ser e nada de anormal me aconteceu, o que prova que quem gosta da sofia , para além de ter bom gosto, é gente de bem.
No entanto foi com um brilhozinho nos olhos que vi o meu encoberto e minimalista blogue furar a barreira das 100 visitas. Pensei até repetir a gracinha na esperança de, com sorte, ser comentado pela própria sofia . Não o fiz. A qualidade das visitas não me agradaram. A gente era boa mas não me queriam ver a mim e muito menos ler-me. Assim que se apercebiam do logro, ala que se faz tarde, e lá procuravam a sofia por outro caminhos mais reconfortantes.
Hoje, e prometo, só hoje, vou voltar a colocar, sub-repticiamente , a etiqueta sexo . As visitas não prestam mas sempre são visitas e tornam os meus rankings estatísticos, ao menos, algum tempo positivos. E não vou ser muito sacanita . Sacana, sacana era se utilizasse a tag sex...
Anda para aí muita gente, de direita e de esquerda, entusiasmadíssima com um teste que fornece o perfil político de qualquer criatura que tenha tempo e paciência para o fazer.
É (deve ser, porque não tive tempo nem pachorra para dar uma espreitadela ao dito cujo) do género do utilizado pelos tablóides para pescar compradores. Só que estes versam o sexo que sempre é um assunto mais apelativo. Não, não estou a desdenhar da carga erótica da política/poder. Então não há agora um "Partido Sexy"?
O que sou como animal sexual?
Garanhão português? Maniaco- depressivo? Libertário/conservador(sic)? Homossexual? Third Way? ............. Ao menos é mais variado, menos pretencioso e, convenhamos, mais inteligente. Mais inteligente porque ninguém vai postar num blogue o seu perfil sexual, mesmo que ele lhe agrade de sobremaneira. E cada vez me convenço mais que a contenção lexical demonstra riqueza intelectual.
Pelo que deixa transparecer a baba derramada sobre os perfis políticos revelados, a hiper compartimentação ideológica ainda dá bastante gozo a muita gente. E eu que pensava que se podia ser anarco-capitalista, liberal- conservador, ecologista- socialista clássico e, até, anarco-comunista, tudo ao mesmo tempo. Sou mesmo lorpa. O que eu devo ser mesmo é terceira via. Deve ser a que mais se assemelha com a "menáge à trois" e isso parece-me muito interessante.
P.S. Vou utilizar pela primeira vez uma "etiqueta" com a palavra sexo. Deve ser um fartar de visita hoje.
Mr. Sarkosy disse, entre outras, que seria o presidente do "trabalho, da autoridade, da moral e do respeito". Foi saudado como um discurso de ruptura, um discurso de modernidade e de futuro. Eu, que não sou entendido nestas lides, já ouvia a minha avó falar destas coisas aos netos nos anos 60. Estaria a saudosa senhora a regressar do futuro e a trazer estas pérolas ouvidas de Mr. Sarco no séc. XXI, ao qual não chegou?
Também o nosso pós-moderno Prof. Dr. (o respeitinho é muito bonito e, pelos vistos, fracturante) António Oliveira Salazar subscreveria as quatro palavras de ordem da nova oratória presidencial francesa e adiantaria, com mais charme, quero dar aos franceses o conforto das certezas.
Também gostei muito do "decreto" em que o Mr.( ler, em bom francês, messiu) acabava, formalmente e finalmente, com o Maio de 68. Não era sem tempo. Faz-me lembrar um dos primeiros artigos da constituição da república espanhola que rezava ( mais ou menos): " Devem os espanhóis ser bons". Foi, como todos sabemos, o que se viu.
Ça va!
No dia 25 de Abril também a carneirada é baril!
Milhares de curiosos acotovelam-se, impacientes, à entrada do túnel do Santana esperando a sua abertura aos peões. Algum tempo depois milhares de automobilistas com o avô, a avó, a tia, o canário e todos os restantes familiares até à 5ª geração a bordo, apitam com a bocarra escancarada, atravessando 276 vezes o referido canal subterrâneo.
Não muito longe dali, se calhar com actores repetidos, à porta do Sr. José Sócrates, uma bicha de pirilau aguarda, pacientemente a vez de entrar e admirar as cores púrpuras dos cortinados e almofadas do palácio de S.Bento e, talvez, ser osculada pelo Blair português.
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