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Quando sabia tudo e toda a gente o admirava, quando era belo e caminhava sempre num palco iluminado, quando usava as mais belas palavras e era ouvido por discípulos hipnotizados, quando irradiava sensualidade e as mulheres o seguiam como um planeta a sua estrela, quando, quando, quando (...) era um pateta contentinho.
Quando descobriu que tudo isso não passava duma ilusão e que era como um qualquer outro, tornou-se um homem triste. Triste mas sábio como uma espiga na seara ondulante.
Para onde quer que olhe, a distância perde-se numa claridade infinita. Eu sou o centro do meu mundo como tu és, como vós sois, o centro do teu (vossos). Na intersecção das nossas vidas, na confusão das mentes enraizadas, nas realidades etéreas e voluptuosas, encontramos os dias impossíveis de acontecer. Os dias efémeros da levitação final.
Seremos sempre como a poeira que resta no fim das tempestades.
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
(Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa)
(Anselm Kiefer)
Nos campos infindáveis de restolho à procura do silêncio... inevitável.
O homem criou deus ao longo de milénios. A obra é o que é. O homem o fez o homem o fará desaparecer. Perecerão juntos... e parece-me que, como sempre, a desconstrução será mais rápida do que a construção. Muito mais rápida...
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