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Sincronizei a respiração com a tua. Primeiro pelo bafo quente que me varria o peito. Depois, sem conseguir sonhar alto, pelo tenaz ardor do sexo. Sendo a respiração una, os corpos gemem ubíquos e ígneos na calmaria da noite. O atrito das peles suadas electrifica e escalda as mentes esgazeadas. Torna-as caudalosas e indeléveis. Simples e vulneráveis.
Os pés rebolam na cama. Sinto o cotovelo a pairar no ar, oblíquo e sereno. Os cabelos, lianas do amor, aspergem os olhos fechados na procura da liberdade insultada por seres sem pulsões derramadas na urbe.
Lá fora a vida percorre os caminhos do costume. A embriaguez total e permanente envolve as avenidas.
Agora sinto os seios, invulgares, na solidão do corpo. Espraio a reacção das ondas preliminares onde, infantilmente, recolho o suco da mãe ausente. Arrepio-me saber-te no meu lugar. Aonde não há esquecimento nem prazer invertebrado e narciso. Se o eterno confluísse no nosso buraco negro, a vida seria, inacreditavelmente, simples e amorfa: osmótica, sábia e pura.
Nos amolgados lençóis, os dedos soltam-se pelas dobras do linho ancestral. A tua voz começa a sussurrar, rouca e prenhe, ecoando nos lares da vizinhança. Num estrebuchar de medo unimos ainda mais as nossas respirações e deixamos a incorrecção periódica dos dias ultrapassar o desgaste rotineiro da vida aprisionada. Aos solavancos trocamos líquidos inquinados e profanamos a inquietude hierofânica das almas. Lavramos a terra rasa de restolho, entre virilhas tumulares.
Ao fim da noite, fomos expulsar os espíritos selvagens numa mesa de café.
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