A morte envolve-te silenciosamente
só o ventre sobe e desce imperceptível no horizonte
morno da serra lunar
Não sei se se me vim antes
ou se te vieste tu
sei que somos felizes na efémera e cruenta palidez dos dias
O frigorífico arranca na noite
e as cortinas nervosas
balançam nas janelas púdicas
Abandonada num corpo maldito
navegando na corrente embriagada
do plasma seminal
embrulhas-te em sonho num novelo felino
O mundo gira ao contrário
aqui neste buraco sem tempo
frito fanecas no óleo quente das sombras
(alguém me sabe explicar porque é que "pudicas" não leva acento? não é uma palavra esdrúxula?)