
O 11 de Setembro foi o maior golpe alguma vez desferido contra o Ocidente. Um acto terrorista que se insere numa luta global pelo poder global. Um acto de guerra (lamento não poder ser politicamente correcto para com este terrível episódio e neste momento) espectacular atingindo o coração do “império” cultural e económico. Revelando as fragilidades do poderoso guia da civilização ocidental. Baralhando a velha vanguarda das liberdades e dos direitos humanos, a “consciência do Mundo”, a generosa Europa. Estas palavras custam-me a sair porque por debaixo delas jazem 3000 vítimas inocentes. Inocentes a nossos olhos de ocidentais. Mas nas guerras, mesmo nas neo-guerras , a maior parte das vítimas são sempre inocentes: foi assim em Hiroxima e Nagasáqui, foi assim em Dresden , no Vietnam , no Afeganistão soviético, é assim no Iraque. Será assim mesmo com as mais inteligentes das inteligentes armas. Só o sangue dos inocentes faz da guerra um jogo real, só o seu sofrimento desvirtualiza a contenda.
Eu, para que não restem dúvidas, estou do lado do Ocidente. É o mundo a que pertenço. É o mundo que entendo. A Mega Guerra está somente no principio, talvez não venha a assistir aos seus momentos mais decisivos e cruéis, mas saberei estar no lado da barricada com os meus mesmo sabendo que não existirá nunca uma verdade absoluta e um lado verdadeiramente correcto. No entanto, sei que o Ocidente está mais próximo da liberdade, da justiça e da solidariedade. Por isso mesmo estarei aqui, atento às derivas contra “os valores fundamentais” que tanto custaram a adquirir e a consolidar, com os meus.
Ao contrário das Paleo-Guerras em que os contendores estavam bem identificados e ocupando territórios físicos bem determinados, nesta nova guerra o inimigo está em toda a parte. No nosso país e no país do nosso irmão. No país do outro e procedendo como “outro” dentro do “outro”. Sorrindo-nos durante o dia e conspirando contra nós na longa noite. Ajudando-nos a atravessar a rua e explodindo na pizzaria da esquina com os nossos amigos. Vai ser ( está a ser) uma refrega estranha e incompreensível. É preciso reagir com firmeza e sem hesitações, mas sem atropelar os que pensam de forma diferente da nossa e defendem valores diferentes dos nossos que não ponham em causa a nossa “forma de vida". Nunca foi tão difícil separar o trigo do joio. O Bem e o Mal, essa famigerada dupla, nunca apresentou fronteiras tão difusas e sinuosas. Simplificar as coisas, tipo “Eixo do Mal” só complica e aprofunda a intolerância e a incompreensão.
Com quem se bate o Ocidente? Esta pergunta já foi mil vezes respondida mas sempre sem cobrir a questão. Guerra de Civilizações, Guerra Religiosa, Guerra Económica, Guerra Norte Sul, Ricos contra Pobres. Transportará um pouco de tudo isto mas será, certamente, uma guerra de poder, de poder global no vasto tabuleiro do Globo. Como o romanos dominaram o “mundo” com os seus exércitos bem organizados e a sua engenharia, os espanhóis os mares e as terras com as primeiras armas de fogo eficazes, os ingleses o mundo-onde-o Sol-nunca-se-punha com as canhoeiras das suas armadas e os americanos com a sua eficaz economia de escala e a sua cultura globalizante, os novos imperadores serão os que melhor tirarem partido desta guerra global que se impôs com o 11 de Setembro.
Como numa partida de xadrez, a pertinência dum lance pode ser aproveitada pelo adversário. Um lance limitado a uma pequena zona do tabuleiro pode desencadear uma tempestade no "plateau ” capaz de pôr em cheque o rei.
Como já referi num post anterior, a vida (neste caso a vida na terra) é como uma partida de xadrez só que se pode ganhar batalhas sem jogar nenhuma pedra. Até poderá acontecer que aproveite um lance um espectador atento e imprevisto…