Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ainda em pleno conflito da 2ª Guerra Mundial, os serviços de informações militares encomendam a Ruth Benedict um estudo sobre a cultura japonesa e o Japão. O motivo é óbvio: os americanos preparavam-se para derrotar o Japão na guerra e para uma longa ocupação. Conhecer profundamente um povo que ia ser ocupado, e do qual os americanos nada sabiam, parecia-lhes evidente para obter sucesso, como a própria Ruth reconhece na primeira edição do livro que resultou da sua pesquisa, em 1946.
"O Crisântemo e a Espada" é um dos mais admiráveis livros que existem sobre o Japão e, curiosamente, foi escrito sem que a autora tenha ido ao Japão. Socorrendo-se somente de obras antropológicas, da literatura e do cinema e, fundamentalmente, apoiando-se na preciosa colaboração de nipo-americanos, Ruth Benedict , compôs um magnífico puzzle sobre os costumes, valores e mentalidade japonesa da época.
Diz-se que quando os generais americanos procuravam definir a primeira cidade a ser arrasada pela bomba atómica, teriam escolhido Quioto. Só que alguns deles tinham lido a obra de Ruth e tinham recuado a tempo. Seria como invadir a Arábia Saudita e bombardear Meca.
A América de Roosevelt e de Truman era certamente diferente da de Bush , mas alguma humildade aquando da invasão do Iraque e algum conhecimento da história teriam sido uma boa companhia nas horas de decidir. Certamente que continua a haver bons antropólogos na América. Mesmo qualquer estudante do último ano de Antropologia Cultural da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, teria sido uma boa escolha para evitar a Bush e aos americanos a delicada situação em que se encontram actualmente no Iraque.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.