O "doente incurável" de Nietzsche, faz 50 anos. Vinda da Fenícia nos robustos braços de Zeus, caminha outra vez para oriente. À doença crónica juntar-se-á a esquizofrenia dos Balcãs e o reflexo em negativo da Anatólia. Aguentará o doente o choque civilizacional? A entropia murmurante borbulhando nos interstícios intranacionais e os colossos político-étnicos exteriores, actuarão como titãs esmagando a frágil coesão?
A guerra é uma constante humana no espaço e no tempo. A Europa extinguiu a guerra no seu seio e uniu inimigos de sempre. É esta, a guerra, a hidra preocupante e ameaçadora. A Paz, ao contrário do que se pensa , torna-nos desumanos e a nossa formatação ancestral faz troar os tambores quando ela se acomoda aos homens como se sempre, estes , a tivessem vivido e a guerra não fosse mais do que um distante filme descolorido e estranho. Hoje, no meio das mais rocambolescas guerras virtuais e electrónicas os tambores tornaram-se silenciosos. A guerra já não entoa cânticos tribais, não suja o chão pátrio, nem usa o folclore do sangue. É límpida como a água, calma como a brisa e avança como metástases na corrente vital. Como na caverna de Platão, a realidade não passa de um conjunto de sombras que nos dão a ver e a conhecer. A liberdade torna-se, assim, inalcançável . Incompreensível e manobrável. As sombras serão condição para a felicidade. Ama as sombras e serás feliz. A sombra não deixa distinguir os traços que dão contornos à liberdade.
Se a Europa durar mais 50 anos, o mundo poderá rasgar as trevas e trazer um pouco de luz ao homem e à natureza. O Mundo será um pouco melhor e o choque de civilizações poderá não passar de um sonho mau do início do século XXI.