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PAISAGEM AZUL DA SALIVA
Tens a boca prenha do tácito discurso dos relâmpagos
deitas por fora uma nódoa plural no mel da manhã…
que sono procuras? que equinócio absorve o fulcral
lume das papoilas e dos dentes? que sangue
respira o suave piano do níveo dia?
Quem derruba a polissemia dum olhar diagonal?
a paisagem azul da saliva, a cal e o rastro
enquanto o rosto acende a luz…
(múltiplos insectos ao redor das lâmpadas acesas)
(percursos e ironias
de um herói ói)
1. Os cavalos deambulam pela tua ternura a terra do olhar galopa
sob a pata dos cavalos –
no piafé do vento.
Trago outro nome para inverter a crina
dentro das muralhas sensuais –
sobre a reacção informe.
2. Quem penetra o sentimento enquanto
os cavalos suspensos se proclamam no limiar
do sol no focinho da água?
Os obstáculos foram criados para se
saber da noite no corpo da mulher
qualquer palavra pode criar um novo
clítoris outra lua à beira da carícia.
3. Digo a alegria da casa enquanto selva.
4. Resta apenas erguer um pequeno braço de mar
e levar-te: aproximar os regimes de dentro
à fulguração das horas incandescentes.
I
a. Com o barco ancorado
entre sí-la-bas
Poeta de malas aviadas
aonde vais?
Lapidar os ossos no cais!
x. O barco.
O barco como um cavalo ou um barco
sob a fragrância da surdez do sol.
Apenas o barco. Como um cavalo
ou um barco.
z. Sou o óbvio cavalo óbvio
que galopa a composição aérea do levante.
OS POEMAS SEGUINTES
Debaixo da romãzeira estava uma casca de banana
eu vi
uma casca de banana sob a romãzeira
eis o princípio dos vasos comunicantes.
Do interior do olhar a tecelagem
do branco da lua no nenúfar da pedra.
Um punhal desprende-se do céu
e pode desmanchar o arco-íris.
O inquebrantável centro de tudo.
O barco sentado na planície.
Pelo sossego delido dos montes,
aquém do evolucionismo das tetas
de Darwin e dos montes,
já se não vislumbra Miss De Ramirez.
Seus netos, esses, andam de prancha
de surf na mão, o dia medido
entre hamburgueres e coca-colas…
Pelo sossego delido dos montes
até o poeta, em qualquer dia
de grosso vento,
até o poeta perderia uma perna…
O resto da realidade é uma coisa
que me parece postiça.
(O pobre do Guedes anda coxo
que nem um coxo)!
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