No meio da crise, todos têm uma solução: o crescimento. Esquerda e direita; liberais e conservadores. Não topam, as jurássicas criaturas, que o problema está aí. No crescimento. O crescimento foi o responsável pela dita. A seguir à queda do muro de Berlim o mundo cresceu, economicamente falando, claro, como nunca se tinha visto. O crescimento foi resultado da euforia, da tesão pós-muro e das manigâncias que bancos e mercados, finalmente livres da regulação "cheirando a mofo do realismo socialista", inventaram para multiplicar lucros. O crescimento assentou no irreal, melhor dizendo, no virtual. Sub-prime, cds, privatizações, deslocalizações, baixas de impostos para ricos, empresas tecnológicas de meninos geniais e capitais à solta sem controle algum da política e dos cidadãos levaram a economia à estratosfera. Bolhas e balões insuflaram por todo o lado. Juntando-se a isso, velhas economias, peadas pelos jogos estratégicos do velho mundo bipolar, emergem na economia global e baralham o antigo equilíbrio colonial. Criadores versus produtores. O novo paradigma da economia são os objectivos inatingíveis para os trabalhadores, os baixos salários, o trabalho infantil, o dumping social, as tendinites, o trabalho é a vida para o mundo que vegeta na produção. A criatividade para os antigos colonizadores. Criatividade tecnológica e financeira. Isto tinha que acabar mal. E vai acabar.
O crescimento não é, teoricamente, infinito. Uma la palissada incontornável. Só com truques. Mas a longevidade dos truques é pequena e a realidade eterna. Os grandes problemas não estão no crescimento. Estão na distribuição. Dos recursos naturais e criados. Se eu sou rico, detenho recursos, mesmo que eles não cresçam, fico rico na mesma. Se fico rico na mesma para quê despedir os que para mim trabalham? Para ser mais rico! E para que ser mais rico, se já sou rico? É aqui que está o busílis da questão. A ganância devia ser crime. A ganância à custa da destruição de economias de regiões e países crime contra a humanidade!
Estou fulo! Venho agora da reunião de avaliação final de uma turma do 6.º ano e os meus alunos tiveram 50% de negativas a Língua Portuguesa, no exame final. Como só dei uma negativa na classificação interna, deve haver algum mal entendido. Todos os que tiveram negativa no exame, à exceção do que tinha tido negativa na avaliação interna, obtiveram percentagens entre 44 e 49, ou seja, com na avaliação interna se têm em conta as competências transversais (assiduidade, empenho, pontualidade, comportamento e outras) não existe incongruência entre a avaliação externa, que só avalia as competências específicas (os conhecimentos) e a avaliação interna: as duas avaliações são incomparáveis. Depois os critérios de avaliação do exame eram inenarráveis...Por exemplo: numa questão a resposta certa era " determinante demonstrativo". Se o aluno respondesse somente determinante, tinha metade da pontuação, se respondesse determinante demostrativo ( falta do n em demonstrativo) tinha zero. Outra: pedia-se aos alunos para "referir as dificuldades em...". Os alunos que enumeraram as dificuldades tinham a resposta errada. Tinham que elaborar um texto. Então não se pedisse que referissem. Quem devia ter negativa eram os que elaboraram os critérios de avaliação. Ou então eles estavam construídos para humilhar os alunos e gozar com o trabalho dos professores! Não estou a querer dizer que os alunos não tiveram a sua quota parte de responsabilidade. Sabiam, os que estavam transitados na avaliação interna, que o resultado do exame não contaria para nada. Mesmo que tivessem 1 ( a nota mais baixa possível).Estou, mas estou mesmo, fulo!