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Era um dia comum como se chovesse todos os dias,
Um dia que começara a feder a peixe frito, espada para ser sincero.
Na manhã, deste dia comum, o vento levantara-se espesso e os
Olhos lacrimejantes ousaram contrariar a melancolia dominante.
Quantos dias comuns restarão até ao fim dos meus dias? Ora!,
Se descontar da minha vida os dias extraordinários, poderei
Contabilizar os dias comuns, respondi, irresponsavelmente, à questão formulada.
Nada de mais errado, reconsiderei atirando o olhar até ao fim
Da sandes de fiambre sobre a mesa. A nossa vida nunca
Poderá ser a soma dos dias acorrentados aos nossos joanetes.
Por exemplo: o que ocorre quando o sonho irrompe a realidade?
Eh, pá!, pareces Sócrates! Tantas questões para quê?, pergunto
Eu sem desapertar os botões da braguilha resistente. A vida, é
A vida e um animal precisa apenas de sexo e morte, de um embriagar
A dor que nos rodeia o tempo, os dias que se arrastam na inclemência
Dos precipícios romanceados, ardendo na complexa sofreguidão
Das madrugadas sem fim. Há pessoas que reclamam ser peixes
Prateados brilhando na noite por semear, libertando
Bolhas de escárnio, sem consciência e soluçando pérolas
Fabricadas em folhas de repolho. Os vermes que se alimentam
Do sofrimento das vozes esburacadas alinham com outros
Comedores de deuses, cambaleando na estrada que acompanha
As margens do rio impossível. São sósias emergentes que corroem
Os sorrisos das crianças e as cáries dos velhos.
Como vês, os vermes vivem no seio dos dias excecionais
E controlam a circulação dos pássaros, enquanto
Vigiam a multidão alcoolizada pela emergência dos dias comuns.
A vida não é um corredor sem fundo conflituando com
Os vermes excecionais.
Vrsa, 13/12/11
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