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na idade de um senhor que não dorme

por vítor, em 30.07.10

Neurónios lentos cruzando, desorientados, as dentrites labirínticas. Na idade de um homem como eu, a noite que era hoje é amanhã. E agora, que ela acelera, algo que se presta ao fecho da madrugada.

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publicado às 01:48

saudades inadiáveis

por vítor, em 27.07.10

 

Estas fotografias têm  27 (?) anos. Uma banda em pleno ensaio no estúdio do Ramiro na Amadora. Não faço ideia de quem as tirou. Chegaram-me ao mail pelo baixista da banda. Uma banda que podia ( e de qualquer forma fez) ter feito história. Os Kubrir. Podemos ver nas fotografias o baterista Dadinho, os guitarristas e vozes Domingos e Rui, o baixista Pedro e o, enorme, viola solo Miguel. Lamentavelmente não aparecem dois elementos da banda. O teclista Eurico e o lendário vocalista e líder da banda que agora não me ocorre o nome.

 

Saudades inadiáveis de dias sem tempo.

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publicado às 02:28

UGH

por vítor, em 20.07.10

 

alguns médicos aconselham a respirar fundo todas as pessoas que se sintam vivas. depois de “revolução ontem”, sai amanhã “utopia agora”; no fim-de-semana terminará a trilogia com o volume “os abutres também dançam”. poeta morre acidentalmente afogado em questões de estética após ter escrito um decassílabo sem querer. certos índices aumentaram mas outros continuam a descer, enquanto as percentagens, pouco sujeitas a este tipo de flutuações, continuam relativamente estáveis. o conselho reuniu de urgência, certas medidas foram tomadas e os resultados serão revelados assim que for possível. o caso está a chocar as autoridades e as pessoas mais tristes. quem estiver farto que se atire. corroboro disse ele, mesmo antes da sobremesa.

 

João Bentes, em "Agonia.

 

(um outro escritor - fora de jogo - da ria)

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publicado às 13:09

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publicado às 14:09

 

Ser editor de um poeta é complicado. Ser editor e amigo de um poeta bêbado, decadente e irresponsável é o inferno. Um inferno fascinante, mas um inferno. O meu amigo Rui Dias Simão é um dos maiores poetas portugueses vivos. No entanto parece constantemente querer desmentir-me: deixar de estar vivo.

Hoje tínhamos combinado ir ao lançamento do livro do Fernando Esteves Pinto, amigo comum, à Biblioteca Municipal de Olhão. Aproveitaríamos para distribuir a alguns amigos o último livro do Rui e das edições CATIVA, Poemas do Banco de Trás. Cheguei a sua casa, kantianamente, à hora combinada. Depois de muito insistir com a campainha, resolvi telefonar-lhe. Atendeu, com uma voz arrastada de bebedeira de três dias, da praia." É pá desculpa lá mas estou aqui na praia com um grupo de trissexuais".

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publicado às 00:38

santos da casa ... fazem milagres

por vítor, em 12.07.10

 

Extraordinário espetáculo de video, poesia, música, teatro e performance. Organização de Vítor Correia e Armação do Artista. No magnífico jardim do Convento de S. Francisco. Quem não foi esta noite, tem a repetição na próxima noite. Dia 12 pelas 21 e 30. Imperdível, o meu amigo Vítor Correia, contra ventos e marés (o nome da performance não é inócuo), no seu melhor. E só com prata da casa...

Bem, a acrescentar, e tornando a noite quase perfeita, ou mesmo perfeita, estavas tu a meu lado...

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publicado às 01:27

uma mulher disponível

por vítor, em 07.07.10

 

Não tinha pensado nisso. A avenida estendia-se, rude e crua, até ao fim do mundo. Alguns candeeiros iluminavam o nevoeiro morno do Levante. As minhas pernas pareciam moles e frouxas, caminhava cambaleando no alcatrão esponjoso. Nunca tinha pensado nisso: bebia para ocultar a timidez.

Àquela hora da madrugada irresponsável, o calor mantinha-se à superfície das coisas. O ar irrespirável alimentava as insónias dos entes há muito retirados nos leitos burgueses. Nos lençóis encharcados de lama pestilenta. O maléfico soprar das aragens desérticas destrambelhava as mentes sóbrias.

Avanço ao encontro da imensidão da noite. A experiência diz-me que no fundo da avenida, junto ao porto, um bar ilumina as trevas. É o último reduto da loucura ambulante antes do Sol misturar tudo na intensa luz do Levante.

Aquele homem que percorre lentamente a borda da Ria é um poeta. Como todos os poetas procura a embriaguez do abismo profundo e inatingível. Generoso e sem retorno. É uma caminhada dolorosa e sem destino que engole o próprio caminhante. Uma autofagia que vai destruindo o sujeito e o objecto. Uma boca hiante a partir da qual o corpo se vira do avesso, desaparecendo nas vísceras  tetónicas  do inferno emergente. Uma longa batalha entre quem come e é comido, sendo que um e outro são a mesma entidade. Entre o destino e a razão.

Enquanto mija atrás de um contentor de lixo, uma figura mágica espreita por entre os restos nauseabundos. Os excrementos sociais que preencheram as ânsias medíocres da humanidade.

Por deus, é uma mulher!

De olhos muito abertos e uma boca escancarada e vermelha, concupiscente, fita o poeta. Toda ela é desejo e vontade de emergir da putrefação contida.

O poeta sacode a pila e não resiste aos encantos da visão miraculosa. Retira-a cuidadosamente do caixote pestilento e verifica, surpreso, que a mulher é jovem, durinha, leve e bonita. E está nua.

Mãe, telefona-me mãe!, grita na noite incompleta. Tu e eu somos os maiores que as estrelas envolvem. Tu, a melhor mãe que os tempos conheceram e experimentam. Eu, o maior poeta vivo que risca a face do planeta. Telefona-me mãe!, ecoa nas profundas cicatrizes da existência, num rugido lancinante e triste.

Caminha, agora, com a jovem ao colo. Leve como ar de Verão. Leve como algumas palavras que nunca são ditas. A timidez irrompe das entranhas instáveis e, no lento processo de  auto-fagia, nunca se sabe se vem de dentro ou de fora. É preciso aplacar-lhe os propósitos misantropos que atropelam a alma.

 

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publicado às 17:01

todo o meu PARAGUAI

por vítor, em 03.07.10

 

Hoje, o Paraguai apaziguará o meu coração. Depois ajustaremos contas...

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publicado às 00:42

Tavira, cenas de rua num verão cálido

por vítor, em 02.07.10

Hoje à noite. 33 graus numa noite sem vento, numa das mais bonitas praças da cidade de Tavira, o largo do Convento do Carmo, espetáculo de música (tocada ao vivo) e teatro aéreo pelos argentinos Puja.

 

Fantástico!!!!

 

 

Puja, Teatro de Altura

 

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publicado às 02:39


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