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Valeu a pena a força dos 7 000 000 de crentes nO Glorioso para ver os lagartitos a jogar como leões.
Cuidado aí para a A1, as estações de serviço que se ponham em alerta máximo. Os autocarros carregados de melão são perigosos.
Para os meus amigos portistas. Não esmoreçam, para o ano há mais.
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Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar".
O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...
Scarlett Johansson
Nesta casa e nestas terras, andei, na adolescência, com amigos, "investigando". Ainda tenho em casa vários fragmentos de ânforas e um amigo meu possui uma colecção de moedas romanas apreciável.
Nestas águas da ria, ando agora de canoa com amigos já entradotes (eu inclusivé).
A RTP2 vai exibir hoje, quarta-feira, 24, a partir das 23:40 horas, o filme «Balsa, Memória Flutuante», um documentário que aborda a memória e o património da cidade romana de Balsa, localizada no concelho de Tavira.
“Ao Porto de Balsa chegavam barcos e mercadorias dos mundos distantes de Roma, Cádiz, de Leptis Magna, de Thamusida, de Lixus e de Cartenna. As suas ruínas, soterradas há mais de mil e quinhentos anos, esperam para revelar uma das cidades mais vivas do Mediterrâneo ocidental”, conta a sinopse do filme, realizado por José Manuel Lopes.
Aqui no quinta, os primeiros 10 minutos do filme do meu amigo José.
Não me digas que as galinhas gostam de queijo?, perguntei incrédulo, mergulhado na areia da praia postiça.
Sim, respondeste, com cara de poucos amigos. E têm preferência por queijo da serra.
Seriam quatro horas da tarde de um dia qualquer e o vento soprava de penente, sem dó. A areia fazia-me cócegas na parte inferior dos tornozelos. Na praia deserta começava a fazer sentir-se um odor a precipício e prossegui o questionário inquisidor: e a que sabem as galinhas comedoras de queijo?
A galinha, naturalmente, respondeu a minha amiga, do outro lado da maré mortiça.
Tinha lógica. Galinha alimentada a milho não sabia a milho, pois não? Mas queijo??!!
Bom. Esqueçamos as galinhas que outros problemas amoro-filosóficos mais prementes se alevantam. Mas queijo?...
Ah, e aquela dos ouriços que não gostam de cães?, perguntei maldosamente.
E com toda a razão, opinou espontaneamente a minha bela e colaborante arqueóloga de sonhos escalavrados. Se os cães gostam de ouriços – gastronomicamente falando, claro – é de todo natural que estes não os apreciem e …
Interrompi a sua rápida e incisiva (diria mesmo canina) argumentação, com não menos veloz e flamejante raciocínio. Mas eu gosto de ti e, até às cinco da tarde como prometido, tu gostas de mim.
Não confundas gastronomia e sobrevivência, com amor e ódio. Replicou sem pestanejar. Eu sobrevivo sem ti, sem amor e sem ódio, até ao fim das marés. Sem religião não existem escravos. O amor e o ódio cativam as consciências obtusas da servidão.
A abrasão arenosa envolvia-me a pele peluda dos milénios. Nos joanetes assexuados convergiam exaustos os fantasmas da perplexidade funesta. Da atmosfera cálida. Reacção dos poros epidérmicos à invasão sedimentar. Na imaginação imensa da maresia, atropelavam-se cães, galinhas, ouriços e sexos. Sexos brandos e apocalípticos, soçobrando de espanto.
O ódio aproximava-se devagar, como era conveniente. Conveniente e imperioso. Na vastidão absoluta dos sentimentos inertes uma gaivota de papelão guinchou na tarde. Da anti-praia sons da aproximação do Levante invernoso. As areias da vida movediça envolviam-me calorosamente e sem mágoa visível. Dizível, pelo menos. O fim da tarde fazia o seu caminho, inexorável.
A minha tia alimentou os felizes galináceos a queijo e nunca se queixou da cor da canja. Mesmo a crosta, que envolvia o caldo milagroso, lhe era meio indiferente. Aproveitava-a para barrar o pão.
O atrito da caneta do tempo soava sulcando o papel da vida. Arrepiava o silencioso tombar do dia. A solidão, brutal e sanguínea, assomou às cinco da tarde de um dia qualquer. Até ao fim das marés.
Um homem atravessou as portas da cidade. Quando deparou com a vida dentro de portas, cansou-se e voltou atrás. O ermitério de onde tinha vindo era a sua casa e a sua casa ficava perto do mar. Dali ouvia as ondas e o vento que as levantava contra as praias da sua infância. Foi assim que se despediu de todos e passou a falar para tudo o que tinha deixado para trás. A noite compensava-o das saudades dos amigos. A solidão era o infinito que sempre procurara. Nunca os sonhos tinham sido tão claros: o caminho do esquecimento será a mais feliz das jornadas, até ao fim.
(... cheguei sem sentir o vento) Na rua,
enquanto esperava a tua voz,
percebi que o colapso era uma confissão
lenta de frenesim anunciado.
Os caminhos, de bermas floridas,
levam à cidade que ocupa o horizonte
pejado de aves sangrando
na placidez dos tempos.
A voz que não ecoa do alto
das montanhas sombrias
constrange a ação dos miseráveis
apelos da rua silenciosa,
da vida suspensa que arde na calçada insuportável.
Os passos desajustados calcam
presas insensíveis ruminando
milenares crenças no mistério
do labiríntico ciúme
transferência dos desejos ocultos da comédia.
(... agora já sinto a brisa) Na rua,
o silêncio impera tolhendo a dor
que asperge os incautos,
rodopiando nos corpos suspensos da cidade
que não cumpre os bizarros ditames da multidão,
a voz que se espera, confessora
da impotência crescente da paixão.
Os dias que se erguem na confusa
espera do som que aclama
a crua rebentação das águas
virão enaltecer o polivalente
rumorejar da ilusão pétrea.
Tavira (4 águas), 8/02/2010
Um ser humano excecional. Um político extraordinário.
Foi libertado há 20 anos, tendo sempre sido livre.
Os políticos são dos cidadãos dos países democráticos os menos corruptos. Isto deve-se à permanente observação a que estão sujeitos em todos os aspectos da sua vida. Os jornalistas andam em cima deles (dependem deles e vêem em todo o lado Watergates que cantam), os juízes deliram com uma presa do outro poder, o cidadão comum espuma de prazer com o arrastar na lama de um dos que elege (por ação ou omissão), As escutas não os deixam dizer um palavrão, ao telefone, no café, na sauna, no futebol, sem que eles apareçam no dia seguinte na televisão ou na capa dos jornais pondo em causa a sua integridade moral (lembram-se do desabafo de Ferro Rodrigues ao telefone "cago no segredo de justiça" o ter tornado um perigoso abusador do 3º poder?). Também, diga-se de passagem, são dos mais tentados por todo o tipo de poderes paralelos, uma vez que das suas decisões depende muita circulação de dinheiro e mordomias.
Numa sociedade que se torna cada vez mais inquisitorial e em que a queda dos "grandes" representa uma das mais apetecidas e mediáticas estórias, os políticos viraram as hodiernas vítimas do fogo do santo ofício.
Ai de um político que compre um preservativo sem pedir factura...
(Meus amigos, batam à vontade, o pescoço está à vossa disposição para o uso sem limites da guilhotina.)
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