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Hey you, out there in the cold
Getting lonely, getting old
Can you feel me?
Hey you, standing in the aisles
With itchy feet and fading smiles
Can you feel me?
Hey you, dont help them to bury the light
Dont give in without a fight.
Hey you, out there on your own
Sitting naked by the phone
Would you touch me?
Hey you, with you ear against the wall
Waiting for someone to call out
Would you touch me?
Hey you, would you help me to carry the stone?
Open your heart, Im coming home.
But it was only fantasy.
The wall was too high,
As you can see.
No matter how he tried,
He could not break free.
And the worms ate into his brain.
Hey you, standing in the road
Always doing what youre told,
Can you help me?
Hey you, out there beyond the wall,
Breaking bottles in the hall,
Can you help me?
Hey you, dont tell me theres no hope at all
Together we stand, divided we fall.
Well, only got an hour of daylight left. better get started
Isnt it unsafe to travel at night?
Itll be a lot less safe to stay here. youre fathers gunna pick up our trail before long
Can loca ride?
Yeah, I can ride... magaret, time to go! maigret, thank you for everything
Goodbye chenga
Goodbye miss ...
Ill be back
Estava frio na tarde poeirenta. Agarrou os sapatos e entrou descalço no cemitério. Algumas beatas místicas adoravam os seus mortos ruminando palavras silenciosas. Percorreu o corredor central e chegou-se à sepultura de uma mulher de óculos escuros sem lágrimas. Pousou os sapatos. Olhou as árvores repletas de caracóis e começou a assoviar baixinho. As beatas ruminavam a líbido esperando compaixão das almas inertes.
Passara um ano sobre a morte da mulher de óculos escuros sem lágrimas. Era a sua primeira visita.
O Outono descia as persianas. O Universo rodopiava, sem pressas, em volta do cemitério.
Subiu a colina suave da sepultura e sentiu os pés descalços a enterrarem-se na terra. À procura da raiz.
Há anos, quando repousava no seu regaço, sentia as mãos tremer de gozo. Lembrou-se das galochas que sempre quisera ter e nunca teve e que os rapazes da rua sempre tiveram.
Olhou o céu à procura de encontrar Deus a sorrir. Não existe. As beatas consumiram-No . Existe. Só existe o que se pode consumir.
Sentiu as mãos tremer de gozo. Os pés terrados .
Bruxas no sabat sem fim aproximaram-se do cemitério. Pensou nos mortos ricos e nos mortos pobres, que foram vivos pobres e vivos ricos. A loucura passa pela maior das normalidades quando tem um espaço onde se projecta. Só quando o pano de fundo desce, a loucura cai à rua: é doido varrido, vê pulgas na opa de sua majestade, quer saudar o infinito, satisfaz-se no vazio. A mais grave.
As viúvas místicas atingem orgasmos na penumbra das sepulturas.
Os espaços sagrados aparecem quando os seres do Além se fundem aos do Aquém e aqui começa o sabat. Fantasmas e vice-versa, num só, debatem os mais prementes problemas da Filosofia contemporânea.
Mãe, por que me abandonas-te? Acaricia-me os pés. Faz-me tremer as mãos. Vamos construir um mundo porreiro sem carimbos na consciência.
Parecia que o tempo não passara mas o Sol caíra atrás da parede do cemitério e como era preciso atravessar o ritual da morte para participar no sabat, o coveiro, homem devidamente encartado para tal, expulsou as almas do outro mundo para o outro mundo.
O sono paralisa a calma da noite. Paralisa a confluência dos passos na lenta progressão do calendário irreflectido quando gemes nos lençóis periféricos. Enquanto o prazer se esvai nas carnes reflexas e me recusas a humidade inconformada do sexo, ratificas o silêncio dos afectos, o vazio que me enche as apocalípticas memórias, as profundas fracturas rasgando desejos paranóicos que sucumbem no clamor dos instintos liquefeitos.
Quando a boca entreaberta revela a confusão das iniquidades das entranhas no enrugamento periférico do leito encharcado das humidades dos corpos, agarro a luminosidade das nádegas abandonadas, percorro a ausência que se instala entre nós. Uma ausência sem limites onde, por vezes, a multidão irrompe.
Quando o sono envolve a luz convulsa que emerge da carne insaciável, inicio a estrada fetal que me transporta a casa, onde renascerei sem ti.
(versão para poetas chalados - desculpem-me a redundância)
O sono paralisa a calma da noite
paralisa a confluência dos passos
na lenta progressão do calendário irreflectido
quando gemes nos lençóis periféricos
enquanto o prazer se esvai nas carnes reflexas
e me recusas a humidade inconformada
do sexo
ratificas o silêncio dos afectos,
o vazio que me enche as apocalípticas
memórias, as profundas fracturas rasgando desejos paranóicos
que sucumbem no clamor dos instintos liquefeitos.
Quando a boca entreaberta revela
a confusão das iniquidades das entranhas
no enrugamento periférico do leito
encharcado das humidades dos corpos,
agarro a luminosidade das nádegas
abandonadas,
percorro a ausência que se instala entre nós.
Uma ausência sem limites onde,
por vezes, a multidão irrompe
quando o sono envolve a luz
convulsa que emerge da carne insaciável
inicio a estrada fetal que me transporta a casa
onde renascerei sem ti.
depois de finalizar este brutal power-point, dos efeitos especiais aplicados e do seu envio (zipado, sublinhe-se), a loucura irá sempre adelante. posso correr como o Bolt que nunca a agarrarei.
Adão Contreiras
À mesa do café (anos 70)
Gravura em metal prova de ensaio água forte
35x25
do olhar vago
que rejeita a inscrição bélica
aparentemente tocada pela luz,
da incompleta voz que elabora linhas perplexas
na morna superfície dos teus sonhos
escapa-se um inútil desejo de regresso;
de regresso a um lugar estranho
onde a memória prevalece
e a existência sobrevive efémera agarrada
a jangadas de sangue
do olhar vago
sem fracturas no tédio da noite,
da expressão que esconde o sorriso das árvores
o registo das cicatrizes pelágicas
que atravessarão o futuro,
o destino que fará eclodir os desafios tentaculares
das palavras desavindas;
é o lugar de onde avistas a fortaleza que recua,
que recusa acolher-te no interior das possantes penumbras,
a fortificação desejada pelo tórax oprimido
que te torna os dias cruéis
cansados da sinuosa trajectória
em que persistes na manipulação dos pés
quando te aproximas da impossibilidade serena do fim
tempestade à distância dos olhos entre desejos
que contendem no plástico campo de batalha
onde tempo e inquietude se aliam
em brutais teatros sem personagens;
para quê estar à espera do tempo que é pedra?
Momento alto na Quinta. O Solstício de Verão.Ceifa, debulha, enfardamento. E o mais importante de tudo: a renovação do restolho por onde arrasto os pés cansados e a mente convulsa.
Quando se rasgam novas geometrias para lá da geometria social euclidiana. Quando se trilham atalhos nunca antes calcados no labirinto das escolhas já feitas. Quando a estética surge do vazio que nunca ninguém desocultara. Quando o movimento bolina por entre ventos e tempestades usando a sua força para gerar bailados na solidão dos corpos. Quando muitas outras coisas se atravessam nas ruas estreitas e vagabundeiam pelas planícies infindáveis, a estrela que em ti pré-existe desabrocha como uma flor no improviso da vida por cumprir.
Pina Baush é uma aparição que deixará para sempre as suas sombras a deambular nas paredes da caverna de Platão.
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