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A carreira? | 4 | |
A vida? | 34 | |
As duas? | 22 | |
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Por falar em José Mourinho, parece-me que este, como aconteceu com o petróleo , já atingiu o seu pico...
Ei-lo! Acabadinho de atravessar o deserto. E não um deserto qualquer. O homem foi atirado para as quentes e movediças areias de um deserto que parecia, à primeira vista, sem fim.
O veículo que o levou à orla do árido vazio, foi o mais improvável de todos, e mostra a capacidade de sobrevivência e de adaptabilidade do bicho. Do bicho político, bem entendido. O veículo, dizíamos, foi a televisão e uma injecção tablóide na informação. No momento em que se tratava de um tema sério e de importância vital para um dos partidos mais importantes da cena nacional, e, por isso, da própria vida do país, a jornalista interrompe para mostrar Mourinho a desembarcar de um meio de transporte colectivo.
Quando o senhor treinador se desloca para casa, a jornalista regressa ao relevante tema e à entrevista com o nosso atravessador de desertos. Num golpe de mágica, utilizando a força propulsora do populismo mediático que tão bem conhece, "o Pedro" abandona a entrevista de supetão e irrompe pelas terras humanizadas e pululantes de frenesim político. Com surpresa do destemido viajante é aplaudido por todos. Da direita à esquerda, dos populistas aos serenos, dos amigos aos inimigos. Até os jornalistas, com excepção dos da SIC e satélites, por motivos óbvios, o levam em ombros.
O nosso homem deixou de andar por aí e está outra vez no olho do furacão. Poder novamente vir a ser o que quiser na política nacional, de Primeiro Ministro a Presidente .
É este militante do PSD perdão: do PPD /PSD, o vencedor indiscutível das eleições directas que hoje se disputam no partido.
À medida que nos afastamos dos tempos de antanho, tudo levaria a crer que as "armas inteligentes" distinguem melhor as vítimas civis ( refira-se que não digo inocentes, que neste domínio só as crianças e os doidos e mesmo assim nem os próprios deuses fazem essa distinção) das baixas militares. Porém quando vemos as estatísticas, elas mostram-nos que não é bem assim. Melhor (neste caso, pior) os frios números revelam exactamente o contrário. Os civis morrem como passarinhos e os militares parecem mais protegidos do que nunca. O que até tem a sua lógica: quem domina as armas domina melhor os seus efeitos devastadores. Na neo guerra, quando desaparecem as linhas de separação entre os contendores, o inimigo está em toda a parte. Os civis não conseguem sair do campo de batalha global porque não sabem onde é esse campo, se é que ele existe na realidade. Nas trincheiras mortíferas da 1ªGrande Guerra (1914/18), vincando no terreno as linhas de separação territorial dos exércitos, não abundavam civis. Curiosamente é a aviação, essa nova arma de guerra que desponta nesta guerra, que vai fazer explodir (literalmente) o número de vítimas civis. O paradoxo cruel: armas mais sofisticadas e mais eficazes, armas mais mortíferas para quem menos tem a ver com a guerra, os civis. Este paradoxo aparente tem também a ver com a redução dos militares à medida que os exércitos se modernizam. Melhores exércitos menos soldados, menos soldados menos baixas. Outro paradoxo, já bem patente na Guerra dos Seis Dias, esquisito: melhores exércitos, menos soldados.
As neo guerras estão só no princípio. A iniciada com o 11 de Setembro é só uma reduzida amostra do por aí virá. No entanto um "belíssimo" laboratório para estudar o que o futuro nos reserva. O cerne de toda arte da guerra é causar o maior dano possível ao inimigo e assim continuará a ser e o maior dano que se pode causar é destruindo a vida de forma aleatória e massiva. Ou seja matando civis. É uma triste conclusão (?) mas é a realidade. O futuro não será de "amanhãs-que-cantam ". Quando a tecnologia permitir a manipulação por qualquer um de uma arma nuclear de bolso, quando o mundo cibernético dominar todas as actividades humanas, quando a nanotecnologia e a engenharia genética saírem definitivamente dos laboratórios o mundo vai saber o que serão os ventos do apocalipse.
Oxalá esta delirante especulação não se venha a verificar. Mas o Homem não aprendeu nada depois de Tróia e os cientistas, que brincam aos deuses, são tão ingénuos...
Por momentos o pânico varreu as chancelarias mundiais. Já não bastavam os terríveis dossiês do Iraque, do Irão, da Coreia do Norte, do Paquistão e da crónica confusão israelo-palestiniana e eis que o centro do turbilhão parece instalar-se em Portugal. Sua Santidade, o Dalai Lama, encontra-se em vias de reencarnar durante a sua visita à Câmara Municipal de Lisboa: Os dois extremos da Eurásia , China e Portugal estão prestes a entrar num conflito de proporções inimagináveis.
Mas voltemos um pouco atrás. Quando os governantes chineses souberam que na agenda do Sr. Tenzin Gyatso se encontava uma deslocação a Portugal, sorriram e ligaram ao presidente em exercício da União Europeia a relembrá-lo que recepções oficiais já se sabe como é de outras visitas, com outros protagonistas. Que não haveria alterações , foi a resposta. Este assunto é um desígnio nacional, reforçou. É só mais um probleminha , veio do extremo oriente. É que o dito cujo anda por aí a falar na reencarnação e isso colide com os nossos desígnios nacionais" (ih,ih ,ih , pareceu ouvir-se do outro lado do mundo, talvez problemas de comunicação decorrentes de tão longas ligações ). Nós já proibimos a sua transmigração para outro corpo no nosso país mas o descarado diz que isso não constitui problema porque, vivendo ele no estrangeiro, a proibição não o atinge, o ingénuo. Já fizemos algumas propostas irrecusáveis a certos países no sentido de impedir a reencarnação do indivíduo por essas bandas. Até agora só obtivemos respostas positivas que muito nos sensibilizaram e como tal a nossa amizade far-se-á sentir para com esses amigos distantes. A porta das nossas casas estará escancarada à sua visita. Gostaríamos de poder contar também com a vossa compreensão lembrando que os nossos povos mantêm uma relação de mais de 500 anos e que, com certeza, se manterá até ao fim dos tempos... Mas em absoluto, outra decisão não poderia ser tomada no âmbito de tão longa e intensa amizade que une os nosso países. Mandarei imediatamente o Magalhães exarar o decreto, obviamente secreto, a proibir a reencarnação de Su ... do Sr. Gyatso . Aliás darei ordens ao Magalhães que contemple qualquer tipo de reencarnação no nosso país. É uma honra poder falar com um amigo tão desinteressado e agradecer desde já a intervenção desse grande português e referência da humanidade esse navegador aventuroso que por cá passou (outra vez se pareceu ouvir, ih,ih , ih) o grande Magalhães . Não é es ... Não se incomode que por essas alturas a reencarnação não estava na ordem do dia e quem o quisesse fazer que o fizesse. Parece que o vosso Magalhães o fez sucessivamente e com sucesso. Adeus.
Escusado será dizer que o Magalhães não era o Magalhães mas sim o discreto, porém eficaz, secretário de Estado da Administração Interna. Tão eficaz que já tinha o decreto pronto ( o seu domínio do mundo cibernético fazia-o tratar por tu as agendas dos mais variados e destacados protagonistas da cena mundial) e só esperava a ordem do chefe para o carimbar e assim lhe dar validade. Só que a decreto secreto poucos têm acesso. Mesmo sabendo que em Portugal quanto mais secreto mais descoberto.
Regressemos à Câmara Municipal de Lisboa, onde é recebido o Dalai Lama com pompa e circunspecção pelo eufórico presidente e pelos entusiasmados vereadores Sá Fernandes e Helena Roseta. É certo que a cerimónia estava a ser manchada pela falta dos vereadores do Partido Comunista (também tinham recebido um telefonema de longe, de bem longe...) e do procedimento desinteressado do vereador Carmona.
Alguns dos presentes (diria mesmo muitos) conheciam o teor do secreto despacho do diligente Magalhães mas estavam descansados: quem iria escolher Portugal para a reencarnação do século. Outro palcos mais apetecidos se perfilavam para acolher tão mediático e significativo evento. Tudo calmo.
Eis que Sua Santidade, sem ninguém o poder adivinhar, se envolve numa espiral de empatia com António Costa. Uma torrente energética, um magnetismo poderoso e incontrolável envolve os dois. Uma auréola de santidade já envolve um apatetado presidente da edilidade e quando o Lama glorifica a voz do autarca muitos pensam que tudo está perdido. Telefones tocam em imponentes palácios pelo mundo fora. Malas com botões poderosos abrem-se em bunkers invioláveis. Sócrates; na Polónia , sua a bom suar enquanto explica o que se passa a dois apalermados gêmeos e tenta contactar o legislador fiel. Consegue finalmente. Vai a caminho do local onde uma luz poderosa envolve edifício camarário e pessoas que participam na cerimónia das cerimónias. Entra, qual bombeiro destemido, pela luz, sobe de um só fôlego as longas escadarias e entra, cego pelo clarão branco, no amplo salão nobre. Pestanejando empunha o decreto salvador e interpôe-no entre a Santidade que se esvai e a Santidade que insufla. A corrente quebra-se,a luz intensa esmorece e tudo volta ao que era antes de ter sido.
Ouve-se apenas a voz pausada da única Santidade presente, desejo-lhe os maiores êxitos nas próximas eleições . O Sr. Presidente tem uma voz fabulosa.
Magalhães retira-se com a sensação de dever cumprido, só isso. Na Polónia os gêmeos assentem finalmente na assinatura do Tratado Reformador. Sócrates retoma o ar distante e frio. Magalhães será feito comendador no próximo dia da nação. O Sr. Presidente de todos os portugueses não dorme em serviço.
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