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E não quero receber nada,
Quero-vos prostituídos e hei-de pagar-vos.
É sempre o vosso odor
A cegar-me os miolos vendidos
E se me quiserem violar
Concentrem-se nos mortos inocentes
Que vagueiam em vossos corpos
Burguesmente saturados de merda .
Tentem deter-me os passos,
Esperem-me onde costumam fuzilar os camponeses
Estarei lá, sem ódio que não merecem,
Mas o meu amor há-de manchar o chão de sangue
Onde se afogarão os carrascos
Semeados de grades em nós.
Lentamente regresso ao meu país,
Compreendo as montanhas que me acariciam,
Os olhos são sempre o futuro
Que nos escorrega nas mãos ávidas de amor.
Entre os cabelos vaginais
Totalmente possuídos por espíritos,
Rebolam ao encontro da saudade
Dos úteros de movimento perdido.
Não há mais nada na anarquia,
O poder chupa-nos
Praticamos a magia e sonhamos
Que somos homens bons.
Calai-vos desejos que nos culpam
Se nem o frio é oferecido,
Se os anos correm aos gritos dos povos
E maldizem a cobardia dos poemas.
Os dedos rebolam sem nexo
Acorrentados ao poder de além país,
À procura do sexo
Correndo à volta dos ventos
E sabendo que um trovão não esperará por eles.
Cedo o rebanho progrediu
Nas melodias abruptas do fado.
Para quem conhecia a história do Médio-Oriente , para quem se preocupava e preocupa com os meandros antropológicos complexos do puzzle étnico/religioso desta matriz civilizacional, era uma evidência clara (desculpem-me o pleonasmo) que a aventura militar dos Estados Unidos da América ia ser um flop . Um verdadeiro tiro no pé.
A invasão, previa-se, seria relativamente fácil. A supremacia tecnológica esmagadora do invasor aliada a um relevo e clima facilitador da deslocação de exércitos pesados e a escassa vegetação alta, que permite o varrimento rastreador de satélites e radares, seriam preciosos aliados no assalto a Bagdade. Bem ao contrário do que tinha acontecido com a guerra do Vietname . E já que falamos no Vietname , o grande trauma dos americanos que havia sido parcialmente resolvido com a reposição da legalidade operada pelos Estados Unidos no caso da 1ª Guerra do Golfo com a "libertação do Kuwait , é o próprio Bush que reconhece que a actual situação no Iraque é similar à vivida pelos marines neste país.
Como dizíamos, a invasão seria sempre pouco complicada. A ocupação, sim , seria o verdadeiro problema. Os suprasumos neocons do pentágono cometeram o primeiro grande erro depois chegada a Bagdade, após as suas delirantes elucubrações ideológicas sobre a teoria dominó para a democracia e futuros amanhãs que cantariam na região, que foi extinguir o exército iraquiano e desmantelar toda a estrutura do partido Baas . Exército e partido que aliás foram armados e treinados pelos americanos não muito antes dos acontecimentos que aqui referimos, aquando da guerra Iraque- Irão.
Teria sido mais prudente ter escolhido para líder um homem forte do exército e do Baas e feito eclipsar-se Saddam e os seus mais próximos carniceiros. Assim, com uma estrutura de poder e de força bem implantados no terreno e com cadeias de comando relativamente consistentes e operacionais , a anarquia que se instalou nos meses que se seguiram à invasão e que se foi instalando em crescendo até aos nossos dias, possivelmente, poderia ter sido evitada ou pelo menos minimizada. Sabemos até como psicologicamente o novo dono do palheiro tende a bajular quem lhe forneceu a chave do dito. E os iraquianos, se não estavam de braços abertos à espera de um invasor/ libertador (estranho binómio), certamente que não desdenhariam livrar-se de um déspota que não era obviamente amado por muitos...
O segundo grande erro foi pensar que curdos, sunitas e xiitas dariam as mão e formariam o melhor dos governos, no melhor dos países, na melhor das democracias. Não conhecemos nós cadinhos etnico-religiosos na "civilizada" Europa onde problemas similares se verificam e onde só à força de mantém o "convívio" entre partes diversas. Lembremo-nos do Kosovo, da Bósnia- Hersegovina , da Irlanda do Norte, e outros.
Mas, para não nos alongarmos muito, o mal está feito e é preciso olhar para o futuro. Americanos e, menos, ingleses, e, ainda menos, alguns poucos aliados, estão atolados no Iraque e numa situação em que sair parece não ser solução e ficar nunca será solução. Então que fazer?
A minha solução, falível como todas as soluções, será a que começa a ser, timidamente, aflorada pelo grupo Baker : envolver os vizinhos. Só que a minha proposta é mais explícita e, de certa forma, mais radical: ameaçar os vizinhos com a saída! Como?! Nenhum vizinho gosta de ter problemas à porta. A não ser que... um ou mais inimigos estejam envolvidos e altamente penalizados com o problema. Mais, que mantenham o problema controlado dentro de certos limites e que vão enfraquecendo em lume brando (pouco brando aliás) e cometendo erros atrás de erros.
Vamos fazer conjecturas. Americanos e aliados, pressionados pelas imparáveis opiniões públicas e incómodos períodos eleitorais, tudo fazem para abandonar rapidamente o Iraque. Cenários: 1- Guerra civil aberta entre curdos, sunitas e xiitas e desmembramento do Iraque em três países.
Reflexões: Guerra já é o que se passa hoje. Guerra entre iraquianos ( ou parte) contra invasores. Guerra entre grupos iraquianos. A violência e o número de vítimas diárias não nos desmente.
Desmembramento do Iraque está em cima da mesa hoje como esteve ontem e sempre estará. Ou seja não é a presença de um exército ocupante que travará esta tendência entrópica crónica.
Temos portanto que as forças ocupante pouco ajudam no resolver do imbróglio actual. Pouco mais fazem do que proteger-se a si e aos governantes iraquianos actuais. Ou seja, esgotam-se em si mesmo.
Conclusão 1 : Se as forças de ocupação saíssem com um calendário pré- fixado e lestos, poderiam fazê-lo com relativa segurança e na certeza de que não acrescentariam grandes dramas ao enorme drama que se vive hoje no Iraque. É claro que a situação poderá sempre borregar mas alguém nos garante que não é isso que já se está verificar?!
Conclusão 2 : Quem ficaria preocupado com a saída dos ocupante? Passo a enumerar: Irão, Síria, Jordânia e Turquia. Violência descontrolada e, sobretudo, desmembramento seriam o pior que qualquer destes países poderia desejar. Um país curdo então traria mesmo o consenso pleno entre eles. O que fariam? Simples. Empenhar-se-iam em resolver a crise. Melhor do que os Estados Unidos seguramente.
Morreu o meu primo Arménio. Era um homem alto, bonito, inteligente, simpático. Era tudo o que toda a gente gostaria de ter sido. Ainda por cima com uma vida desafogada (por herança) e um bom emprego. Já desconfiava que a terrível doença, que tinha afectado o pai nos últimos anos da vida e que passava, hereditariamente, para os filhos varões, tinha grandes probabilidades de o afectar. E assim aconteceu, ainda mais terrível do que ao seu pai. Chegou mais cedo e com sintomas mais devastadores: aos 40 anos começou a sentir desequilíbrios, pouco depois deixou de conduzir, depois deixou de poder exercer a profissão que era sua, deixou de andar e passou a estar sentado, depois a estar deitado, pois os tremores e convulsões não lhe permitiam segurar a cabeça, a fala tornou-se imperceptível, etc, etc,(para vos poupar e para me poupar).
Faleceu depois de 20 anos de doença, de um sofrimento atroz para si, para familiares e amigos, um destroço humano que a quem o visitava deixava sem palavras durante horas a seguir a estas dolorosas visitas.
Infelizmente, para ele, para todos os que o rodeavam, lúcido até ao fim, até aos 60 anos.
E ainda dizem que Deus existe...
Senti arrepios convergindo no cotovelo
O jardineiro tropeçou no meu
Coração.
Jurei-lhe que a flor eras tu
Mas fui expulso do jardim
Como se a flor fosse maçã.
Agora – sem arrepios no cotovelo – não
Consigo chorar
Vou de mansinho bater às portas da loucura.
Sem ti
apetece-me viajar.
Através de mistérios,
Rosas e homens
Agitou os seios
Em procura de amor e
Nada.
O rio nunca quis
Que as suas lágrimas
Se perdessem no mar
Enquanto pássaros
Cantassem o seu cabelo.
Mas que música estranha
A rapariga deixou de correr
Fim...
Como se esperasse uma nuvem e
Espreitou pelas ideias de alguém
O cansaço começou a cair na noite
Gritos por sentir
Atiraram-se às paredes que passavam
Um beijo percorreu as veias
Às avessas de
Sonhos complicados de dor
Então entrou devagarinho
Como se esperasse a chuva
Ninguém
Por entre sorrisos esfaqueados
Confessou nada saber
Mas que suave perfume
Saía dos teus maus instintos.
Levas os sapatos sentados
São vermelhos
Mas sonham ser dançarinos
Na velha sala de bilhar.
Mostras as coxas aos elefantes
Pardos dum cabaret
Esperas recompensas de amor
Sem conhecer o whiskey .
Mas que morno perfume
Lanças do sexo em delírio
Quando cantas blues
E embalas sonhos rejeitados
Que te destroem a paz.
Cabelo sobre os pés.
Onde pusera os dentes para mastigar doces?
Deixara-os no avião.
Com certeza era Sábado,
Os macacos já trabalhavam
Na oficina de ministros
Hoje um ministro da cultura.
Olhei o relógio apagado, eram...
Um conto de reis.
Santo Deus!,
A droga é enjoativa para alguns.
Puxei a persiana estupidamente calada,
Os automóveis entrara-me nos pulmões
Expirei ar puro enlatado... de Paris.
A vida é bela. Pensei.
Tudo nos empurra para a felicidade
E os tempos já não são os mesmos
Até os macacos fabricam ministros.
Ainda Há luzes
Mas já não vejo as bombas de neutrões
Ainda há homens
Mas já não vejo os corações
Escalpes de prostitutas
Vagueiam na noite esquecida
Como se nada se aprendesse
Nos lampiões por linchar.
Ao longe os rebentos ensanguentados
Dançam com a matéria desejosa
De amar os soldados desconhecidos.
Partem as árvores sem ramos
Para encontrar o espírito do Sol
Acenam aos esquecidos da guerra
Que não sonham há muito
E merecem acordar esventrados.
Para sempre te julgo como os outros
Uma parte do podre por morrer.
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