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O final do meu "novo" livro "Exilados"...
O homem que agora era aspirava ao que nunca
seria alcançável e por isso fugia da felicidade.
De uma mulher que percorria a cidade cavalgando
na leve montada da loucura, levava apenas a
saudade. A saudade que também reclamava da
vida de outrora. Uma vida aos supetões pela inútil
irrealidade. Pelos risíveis caminhos do sonho.
Nós que dispomos da narrativa ao sabor
do vento. Que criamos o possível a partir do
impossível e revelamos apenas o que viabiliza
o discurso. Que sujeitamos palavras e encadeamentos
sintáticos, tão válidos como outros
quaisquer, dominamos apenas o que aconteceu
e está a acontecer: o passado e o presente. Na
ficção não há devir nem futuro. Por muito pensamento
que preceda a pena, é esta que conduz
o tempo e a ação. Dito isto, direi, passe a redundância,
para terminar a presente, que já vai longa;
sempre a pena a conduzir o inconsciente; que
o novo e nosso homem repousa agora o corpo
metamorfizado num banco de comboio, atravessando
a paisagem a uma velocidade estonteante.
Comprou bilhete para o primeiro comboio a demandar
a estação central. É um clássico: viagem
sem destino para fugir ao destino. Deixa para trás
tudo o que o tempo havia impregnado no seu ser.
Agora, tabula rasa, será um homem à procura de
eternidade.
As paisagens desfilam, indefinidas, como
fotogramas analógicos montados ao acaso, no seu
olhar perdido. Sim agora compreendia a infinita
discussão dos homens sobre o sexo dos anjos.
Uma alegoria sobre a condição humana...
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