Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Agora que tens as tuas palavras
inúteis gravadas no espaço que rodeia
o teu quintal, ondulando nas cabeças dos vizinhos,
nas consciências impolutas dos animais
sentados nas esteiras da necessidade,
agora, dizia, os inimagináveis dias de antanho
emergirão como batólitos
de raiva rompendo os estratos superiores
estranhamente superficiais. Das entranhas
dessas palavras (ainda inúteis) soltar-se-ão estruturas
vazias como opérculos de peixes vadios
que vagueiam nas noites de marés
sussurradas. Nessas estruturas frágeis e silenciosas
penduras o casaco de sombra que cobre
o frio da noite, caminhas ao encontro
da nudez dos círculos de luz que rompem
os cálidos penedos da sensatez.
VRSA - out. 2012
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.