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Um poema de Rui Dias Simão
Monólogos de Bartolomeu Dias
na morte de sua esposa
1- Criação: vivem pelas arqueologias do silêncio
reunidos durante as cálidas insinuações
do fogo sobre a pedra
2- Orgasmo: palavras marmóreas aéreas descem
à fixidez do vermelho
3- Morte: sibilina modorra desprende a língua do fruto
nas mutações da chuva o rio engorda
um objecto cortante arde-me frio nos dedos
sei a pulsação do sangue
digo logo para mim essa nuvem
rebente profusa em teu nobre peito
4- Solidão: a solidão transporta o resto para
a penumbra dos esgotos
única musiqueta de todas as maneiras
intransponível
faca
aparecem na babugem os peixes mortos
até isso me vem parar
às minhas mãos sozinhas
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