No meio da crise, todos têm uma solução: o crescimento. Esquerda e direita; liberais e conservadores. Não topam, as jurássicas criaturas, que o problema está aí. No crescimento. O crescimento foi o responsável pela dita. A seguir à queda do muro de Berlim o mundo cresceu, economicamente falando, claro, como nunca se tinha visto. O crescimento foi resultado da euforia, da tesão pós-muro e das manigâncias que bancos e mercados, finalmente livres da regulação "cheirando a mofo do realismo socialista", inventaram para multiplicar lucros. O crescimento assentou no irreal, melhor dizendo, no virtual. Sub-prime, cds, privatizações, deslocalizações, baixas de impostos para ricos, empresas tecnológicas de meninos geniais e capitais à solta sem controle algum da política e dos cidadãos levaram a economia à estratosfera. Bolhas e balões insuflaram por todo o lado. Juntando-se a isso, velhas economias, peadas pelos jogos estratégicos do velho mundo bipolar, emergem na economia global e baralham o antigo equilíbrio colonial. Criadores versus produtores. O novo paradigma da economia são os objectivos inatingíveis para os trabalhadores, os baixos salários, o trabalho infantil, o dumping social, as tendinites, o trabalho é a vida para o mundo que vegeta na produção. A criatividade para os antigos colonizadores. Criatividade tecnológica e financeira. Isto tinha que acabar mal. E vai acabar.
O crescimento não é, teoricamente, infinito. Uma la palissada incontornável. Só com truques. Mas a longevidade dos truques é pequena e a realidade eterna. Os grandes problemas não estão no crescimento. Estão na distribuição. Dos recursos naturais e criados. Se eu sou rico, detenho recursos, mesmo que eles não cresçam, fico rico na mesma. Se fico rico na mesma para quê despedir os que para mim trabalham? Para ser mais rico! E para que ser mais rico, se já sou rico? É aqui que está o busílis da questão. A ganância devia ser crime. A ganância à custa da destruição de economias de regiões e países crime contra a humanidade!