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Era uma pedra dessas
Desatentas e frias
Dando conta das transferências
Suspeitas do que acontecia
Na planície em fogo destruída
Pelos momentos contidos
Que o medo anunciava.
Dessas sentadas na ordem
Eventual e permanente, no
Inexplicável esquecimento
Reduzido aos arguidos que
Encomendam as lágrimas.
À sua volta tudo mexia:
o pó, a areia, os entes
Que por si se deslocavam,
As árvores esparsas
Tudo se movimentava
Insensível à constância
Da pedra.
Alguns, raros, tropeçavam
Na pedra e interrompiam
A corrente dos que desfilavam
No plasma incontinente.
A gramática da pedra não
Exige compreensão profunda:
uma pedra resiste à análise da sua alma,
Da essência onde repousa
O entendível. O que resta
Induz o turbilhão e a
Mudança nos fluxos envolventes.
Para o entendimento
Da correnteza é preciso parar.
Na inércia contemplamos
A mudança e abrangemos
Os elementos que se arrastam
Nos atritos que cicatrizam a pele,
As peles diversas que vestem
Os incaracterísticos materiais,
As coisas que flutuam no nada.
No algo que se confunde com
O nada aspergindo o todo
Que projeta e comporta o sonho.
Tropeçar na pedra é um
Jogo de azar que o tempo
Corporiza no pesadelo paradoxal.
Era uma pedra dessas
Desatenta e fria…
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